Marina Sarruf, enviada especial
Dubai – O estande do ateliê de esculturas Sarquis Sâmara, do Paraná, vendou todas as peças expostas na Index, maior feira de móveis e decoração do Oriente Médio, na primeira hora após a abertura do evento, que começou ontem (06) em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. "Um distribuidor de Dubai viu as peças e quis comprar tudo para expor em seu showroom aqui e na Espanha. Ele nem perguntou o preço", afirmou o proprietário e escultor da empresa, Sarquis Sâmara.
Essa é a primeira vez que a empresa participa de uma feira no Oriente Médio e fecha um negócio com um país árabe. As peças, que variam de porta guardanapos, quadros e poltronas, são feitas em alumínio 100% reciclável e enfeitadas com penas, madeira, ossos, tecidos, cristais e pele sintética. O valor das 200 peças expostas no estande soma cerca de US$ 40 mil. Os produtos vão ser entregues apenas no final da feira.
"Nunca vou para uma feira muito seguro. Mas senti que eu agradei aqui. Minhas peças são bem exageradas, têm muito brilho e materiais diferentes. Acho que isso agradou os árabes", disse Sâmara, que é neto de libaneses. No estande do escultor é possível encontrar peças de US$ 20, como um porta guardanapo, até de US$ 1,1 mil, como uma escultura.
O estande de Sâmara foi o mais movimentado do pavilhão brasileiro. Muitos importadores apareceram no local, mas os mais interessados eram os consumidores finais. Mulheres com véus e sem véus paravam para olhar. "Somos fabricantes. Só vendemos por atacado", dizia o escultor.
Os objetos decorativos de Sâmara já são exportados para Angola, Portugal, Itália, Estados Unidos, Espanha, Argentina e Bolívia. Segundo ele, cerca de 10% da produção é voltada para o mercado externo. "Fazemos produtos artesanais, mas em escala industrial. Temos três mil modelos diferentes. A maioria são quadros", disse.
Até o final do primeiro dia da feira, o escultor já havia recebido 20 pedidos dos Emirados, Inglaterra, Egito, Arábia Saudita e Kuwait. O ateliê de Sâmara foi aberto há oito anos em Londrina e tem 40 funcionários.
Contatos promissores
A Index foi inaugurada pelo ministro das Finanças e Indústria dos Emirados, Hamdan Bin Rashid Al Maktoum, que também é vice-governante de Dubai. Ele passou pelo estande do Brasil e foi recebido pelo embaixador brasileiro no país, Flávio Albuquerque Sapha. O pavilhão do Brasil, que tem 1,2 mil metros quadrados divididos para 45 empresas, esteve bem movimentado. No total, as companhias fizeram cerca de 260 contatos, muitos promissores, como no caso da Móveis Sipiolli, que recebeu importadores do Líbano e do Sudão interessados em racks e estantes.
"Já exportamos para os Emirados, Arábia Saudita e Argélia, mas ainda não abrimos mercado no Líbano e no Sudão", disse o diretor da empresa, Newton Cláudio Silva Pinto. Segundo ele, a Index é uma feira que abre grandes oportunidades de negócios. Essa é a quarta vez que ele participa.
Outra empresa que fez bons contatos foi a Grando Estofados, que recebeu importadores dos Emirados, Índia, Iraque e Líbano. A companhia também já vendeu alguns móveis do seu mostruário para consumidor final.
Já a Formanova, de Palhoça, Santa Catarina, fez só ontem 40 contatos. A empresa já conta com um representante nos Emirados Árabes, que tem interesse em abrir um showroom da empresa em Dubai. "O mercado árabe vale a pena investir. As pessoas da região não conhecem ainda os móveis brasileiros, mas sabem que é de boa qualidade", disse a gerente de exportação da empresa, Karina Botelho.
Um dos contatos feito pela empresa foi de um distribuidor de móveis para hotéis. Segundo ela, ele ficou interessado numa cristaleira e um console. Se for fechado negócio, o importador árabe deverá comprar 300 peças de cada.
Interesse dos árabes
Além de empresas internacionais, a Index também tem estandes de importadores de Dubai. As empresas são, normalmente, grupos que atuam em diversos setores, como móveis, carpetes, objetos para decoração, redes de restaurante, agências de viagens, entre outros. O grupo Al Aqili, por exemplo, representa mais de 30 marcas de móveis de alto padrão do mundo todo. Eles têm planos de abrir 32 lojas na região do Golfo Árabe nos próximos dois anos.
O grupo árabe ainda não importa do Brasil, mas está aberto para conhecer os produtos brasileiros. A empresa prioriza a marca e qualidade. Outra empresa que pertence a um grupo de Dubai, é a El Mamounia, que tem dois showroons no emirado e já importa móveis do Brasil.
"Começamos a importar do Brasil no ano passado, quando participamos da feira Abimad, em São Paulo. Meus clientes gostam de móveis clássicos e tradicionais", afirmou o gerente do showroom, Ramzi Bouabid. A empresa importa principalmente do Marrocos, Egito e Indonésia.
De acordo com Bouabid, os árabes gostam de peças exclusivas, espaçosas, com design diferenciado. "Estamos sempre renovando as mercadorias porque meus clientes trocam de móveis a cada dois anos", disse ele, que vende para os palácios dos grandes xeques dos Emirados e da região.