São Paulo – O capital estrangeiro aumentou sua participação nas fusões e aquisições no Brasil nos nove primeiros meses deste ano, de acordo com boletim divulgado nesta terça-feira (17) pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). As aquisições de companhias brasileiras por estrangeiras movimentaram R$ 47,6 bilhões entre janeiro e setembro, representando 32,9% das operações de fusões e aquisições no país. No mesmo período de 2009, foram R$ 9 bilhões, com participação de 9%.
De acordo com o presidente do Subcomitê de Fusões e Aquisições da Anbima, Bruno Amaral, o aumento se deve principalmente à retomada das compras de Estados Unidos e Europa, que seguraram as aquisições no começo do ano, na expectativa da melhora das suas economias. A América Latina participou, em volume financeiro, com 39,8% das compras de empresas brasileiras por estrangeiros, a Ásia com 15,2%, a Europa com 44,2% e Estados Unidos com 0,6%.
Em número de operações, os estrangeiros fizeram 24 aquisições de companhias brasileiras até setembro, representando 25,5% do total. Nos mesmos meses do ano passado, foram 12 transações, com 17,7% do total. O dólar valorizado não chegou a intimidar as compras. "O câmbio influencia negativamente as compras, as torna mais caras para os estrangeiros, mas se existem boas perspectivas quanto à economia do país, ao crescimento das empresas, e os estrangeiros estão vendo isso com clareza, o câmbio não é tão relevante", diz Amaral.
De acordo com Amaral, as compras dos estrangeiros, mesmo com moeda desfavorável, significam demonstração de confiança no Brasil e expectativa de que a economia brasileira continue forte ao longo do tempo. Ele acredita que Estados Unidos e Europa seguem a tendência de uma participação forte e ressalta o interesse dos asiáticos. "O interesse dos asiáticos veio para ficar", afirma. Nos próximos anos, a participação asiática nas operações de fusões e aquisições no Brasil, de acordo com ele, deve ser maior do que a média histórica.
Nas fusões e aquisições no Brasil em geral – incluindo capital nacional e de fora – houve também aumento entre janeiro e setembro. O volume financeiro foi 61,8% superior ao mesmo período do ano passado e já supera em 21,7% o ano de 2009 inteiro. Foram feitas 94 fusões e aquisições no Brasil entre janeiro e setembro, com volume de R$ 144,8 bilhões. Em valores é o maior montante desde os primeiros nove meses de 2006, e em número de operações só é menor do que o total de janeiro a setembro de 2007.
Houve grande influência do setor de telecomunicações nesses números. Entre as maiores operações estiveram a compra da participação da Portugal Telecom na Brasicel (Vivo) pela Telefônica, por R$ 18,2 bilhões; a formação da Latam, com ativos da TAM e da LAN, com R$ 14,4 bilhões; a compra pela Portugal Telecom de participação na Oi, o que movimentou R$ 9 bilhões; e a compra pela Embratel de ações da Net por R$ 4,6 bilhões.
No montante financeiro de transações, 30,4% foi aquisição de empresas estrangeiras por brasileiras, com R$ 44,1 bilhões; 15,6% foi aquisição entre companhias brasileiras; 21,1% foram compras entre estrangeiras, com R$ 30,5 bilhões; e o restante foram aquisições de brasileiras por estrangeiras. Houve um grande número de operações acima de R$ 1 bilhão. Elas representaram 32% do total no acumulado do ano até setembro, em número de operações, e 89,4% do total em volume financeiro.