Isaura Daniel
São Paulo – As exportações do Brasil para os países árabes cresceram 30% em fevereiro em comparação ao mesmo mês do ano passado. Os brasileiros faturaram US$ 395 milhões com vendas para as 22 nações da Liga Árabe no último mês, um aumento de US$ 90,6 milhões. Em fevereiro de 2005, a receita que o país teve com exportações foi de US$ 304 milhões. "Como sempre o mercado árabe superou as expectativas", diz o presidente da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Antonio Sarkis Jr. A projeção feita pela entidade para o crescimento das exportações em 2006 é de 20%.
Grande parte do aumento ocorreu em função do crescimento das vendas para a Arábia Saudita. O país aumentou as suas compras de US$ 60 milhões em fevereiro de 2005 para US$ 152,7 milhões no mesmo mês deste ano. Do total embarcado para a nação do Oriente Médio, US$ 52,5 milhões corresponderam a aviões. A companhia saudita Saudi Arabian Airlines fechou um contrato de compra de 15 aeronaves da brasileira Embraer no ano passado e parte deles estão sendo entregues neste ano.
Os sauditas também aumentaram de US$ 2,7 milhões para US$ 33,6 milhões as compras de açúcar do Brasil e de US$ 7 milhões para US$ 14 milhões as aquisições de minério de ferro. "Eles também compraram mais calçados, suco de laranja, niveladores, máquina para papel", afirma o secretário-geral da Câmara Árabe, Michel Alaby. De acordo com ele, os sauditas estão investindo em qualidade de vida em função das receitas obtidas com o petróleo.
Minério de ferro e o açúcar também constam na lista de produtos mais vendidos pelo Brasil para os países árabes em geral. O minério passou de uma receita de US$ 34,5 milhões em fevereiro de 2005 para US$ 59,7 milhões no mesmo mês deste ano e o açúcar de US$ 63 milhões para US$ 79,3 milhões. "Os principais produtos da pauta continuam sendo açúcar, carnes, minério, manufaturados, veículos e máquinas agrícolas", afirma Sarkis. O presidente da Câmara Árabe chama a atenção também para as vendas de bovinos vivos, que resultaram em uma receita de US$ 3,5 milhões no mês.
Comprador
Além da Arábia Saudita, também a Somália aumentou bastante as suas importações do Brasil. O país africano saiu de compras de US$ 6,5 milhões em fevereiro de 2005 para US$ 17 milhões no último mês. Tanto que ocupou o quarto lugar como maior importador do Brasil, em receita, entre os árabes. "Exportamos commodities para a Somália", diz Alaby. De fato, praticamente todo o aumento e também o valor exportado pelo Brasil ao país árabe se deve a embarques de açúcar.
O ranking dos maiores importadores árabes de produtos brasileiros de fevereiro tem a Arábia Saudita no topo, seguida do Egito, com US$ 68 milhões, dos Emirados Árabes Unidos, com US$ 39 milhões, da Somália, e do Marrocos, com US$ 13,7 milhões. Entre os que mais aumentaram as compras em percentuais, porém, estão países que ainda não fazem compras significativas, como o Djibuti, cujas vendas cresceram 1.187%, mas ficaram em apenas US$ 309 mil.
Também Ilhas Comores aumentaram as compras em 235% para US$ 188 mil. Já o Sudão comprou 627% a mais, mas o volume foi de US$ 2,9 milhões. "O Sudão vem mantendo um crescimento constante nas suas importações do Brasil", diz Sarkis.
O percentual de crescimento das vendas brasileiras para os árabes está bem acima da média brasileira, já que em fevereiro as exportações do país em geral cresceram 12,8%. De acordo com o secretário-geral da Câmara Árabe, as vendas para a região vão continuar crescendo no ano.
A entidade vai participar de uma série de atividades que devem colaborar para o aumento das relações comerciais entre o Brasil e o mundo árabe, entre eles a Feira Internacional do Cairo, que ocorre entre 19 e 28 de março no Egito, e a Feira Internacional de Argel, nos dias 01 a 09 de junho deste ano.
Corrente que cresce
No acumulado deste ano, as vendas do Brasil para os países árabes cresceram 26%. As exportações de janeiro e fevereiro para a região ficaram em US$ 784 milhões, ou US$ 161 milhões a mais do que no mesmo período de 2005. No acumulado dos últimos 12 meses, as exportações ficaram em US$ 5,4 bilhões, com alta de 32,1% sobre o ano anterior.
As importações que o Brasil fez de países árabes em fevereiro cresceram 32,18% e chegaram a US$ 287 milhões. O principal responsável pela alta, de acordo com Sarkis e Alaby, foi o petróleo. A Arábia Saudita foi o maior fornecedor do Brasil no mês, com US$ 126 milhões. O aumento das vendas dos sauditas para o mercado nacional ficou em 26%.