São Paulo – As exportações brasileiras de máquinas cresceram 18,8% entre janeiro e outubro deste ano sobre o mesmo período de 2009, mas ainda não conseguiram chegar aos mesmos patamares de 2008. De acordo com dados divulgados pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) nesta quarta-feira (24), o faturamento das exportações ficou em US$ 7,4 bilhões nos primeiros dez meses deste ano, contra US$ 6,2 bilhões no mesmo período do ano passado e US$ 10,3 bilhões em iguais meses de 2008.
Apesar do avanço sobre o ano passado, em coletiva de imprensa, o presidente da Abimaq, Luiz Aubert Neto, se mostrou insatisfeito com os números das exportações e atribuiu o desempenho principalmente à taxa de câmbio, desfavorável para as vendas externas. Ele ressaltou, inclusive, que as exportações estão cada vez mais concentradas na América do Sul. Neto lembrou que há dois ou três anos se exportava muito mais para a Europa. “Estamos mais dependentes do nosso quintal, o que mostra que estamos perdendo mercado”, afirmou.
Os Estados Unidos foram o principal comprador das máquinas brasileiras entre janeiro e outubro, com importações de US$ 1,2 bilhão e aumento de 9,2%. Já a Argentina, segunda na lista, aumentou suas compras em 17,3%, o Chile, quinto da lista, em 51,5%, o Peru, na sexta posição, importou 62,7% mais, e o Paraguai, em nono lugar, fez compras 114,5% maiores. Em outubro, individualmente, as exportações de máquinas cresceram 46,9% sobre o mesmo mês de 2009, mas ainda apresentam queda de 6,2% sobre 2008, com US$ 971 milhões.
Por outro lado, as importações cresceram e são motivo de preocupação entre os produtores de máquinas do Brasil, que devem pedir, nos próximos dias, aumento das tarifas de importação para o governo federal. O crescimento da importação foi de 31,8% no acumulado do ano até outubro e o valor ficou em US$ 20,3 bilhões. Em outubro individualmente as importações avançaram 29,6% e tiveram receita de US$ 2,1 bilhões.
Os maiores fornecedores foram Estados Unidos, seguidos de China, Alemanha, Japão e Itália. O presidente da Abimaq ressaltou o crescimento da China no ranking. O avanço das vendas chinesas, no período, foi de 76,2%. Em 2004, o país era o décimo maior fornecedor de máquinas para o Brasil. “Se continuar esse crescimento de 75% ao ano e Estados Unidos com 25% ao ano (neste ano até outubro foi 17,3%), daqui uns dois anos a China será a maior fornecedora de bens de capital de fora do Brasil”, afirmou Neto.
O faturamento do segmento ficou em R$ 59,3 bilhões entre janeiro e outubro deste ano, com aumento de 10,8% sobre o mesmo período de 2009 e queda de 14,6% sobre 2008. Em outubro o valor foi de R$ 5,8 bilhões, com avanço de 1,1% sobre o ano passado e queda de 22,5% sobre outubro de 2008. Mas houve aumento de empregos no setor em outubro deste ano. “Estamos produzindo mais, mas faturando abaixo de 2008. O Brasil está sendo desindustrializado pelas importações”, afirmou. Ele prevê faturamento 4,5% a 5% maior em 2011.