Da redação
São Paulo – As exportações do Brasil e de alguns países do Oriente Médio e do Norte da África cresceram acima da média mundial em 2003. É o que mostra relatório divulgado pela Organização Mundial do Comércio (OMC). Em relação ao ano anterior, as vendas do Brasil aumentaram 21%, as da Arábia Saudita, 23%, e as dos Emirados Árabes Unidos, 17%. No mesmo intervalo, as exportações mundiais subiram 16% em termos nominais e atingiram US$ 7,3 trilhões.
As razões da alta são diferentes, mas tanto no caso dos países árabes, como no brasileiro, a valorização dos preços internacionais de commodities favoreceu o aumento dos negócios externos. De acordo com a pesquisa da OMC, "os valores em dólar de commodities aumentaram 10,5% em 2003, a maior alta desde 1995". No Brasil, a estrela do comércio exterior em 2003 foi o agronegócio. As vendas externas do setor cresceram 24% e chegaram ao recorde histórico de US$ 30,7 bilhões, o que respondeu por 42% do total embarcado pelo país.
No mundo árabe, o destaque foi o petróleo. O preço médio do barril estabelecido pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) aumentou 16%, para US$ 28,5. "O preço dos combustíveis foram elevados em razão de conflitos no Oriente Médio e também na Venezuela", disse a OMC. "Além disso, o aumento da demanda da China, que cresceu 11% em 2003, também contribuiu para a alta". Com isso, as exportações do Oriente Médio, que concentra os maiores produtores da commodity, cresceram 16% no ano passado, para US$ 290 bilhões.
Houve aumentos acima da média mundial também no Norte da África. De acordo com a OMC, as nações africanas exportadoras de petróleo – entre elas, as árabes Argélia, Líbia e Sudão – ampliaram suas vendas externas em 30% em 2003, para US$ 80 bilhões.
Ranking
Esses resultados produziram algumas modificações no ranking de maiores exportadores. O Brasil, que vendeu ao exterior US$ 73,1 bilhões no ano passado, subiu da 26ª para a 25ª posição na lista. O país ampliou sua participação nos negócios mundiais para 1%, depois de mais de dez anos de taxas oscilando em torno de 0,8% e 0,9%.
Na verdade, a participação brasileira já foi maior: passava dos 2% na década de 1950. Mas o percentual caiu e chegou aos piores níveis dos anos 1990, quando o real valorizado brecou as exportações do país.
Além disso, com a alta do petróleo, os Emirados passaram a figurar na lista dos 30 principais exportadores do mundo, com US$ 58,1 bilhões, em 30º lugar. A Arábia Saudita permaneceu na 23ª colocação, com vendas de US$ 88,5 bilhões.
Outra alteração no ranking aconteceu na primeira posição. Com as mudanças cambiais do dólar e do euro, a Alemanha passou os Estados Unidos e se tornou a maior exportadora mundial, com US$ 748,4 bilhões. Os EUA vieram em segundo, com US$ 724 bilhões, seguidos pelo Japão (US$ 471,9 bilhões), pela China (US$ 438,4 bilhões) e pela França (US$ 384,7 bilhões).
O crescimento real das exportações mundiais em 2003 – isto é, descontadas as oscilações cambiais do dólar – foi de 4,5%, de acordo com a OMC. Para este ano, o organismo espera um aumento maior: de 7,5%, puxado pelo crescimento estimado de 3,7% da economia mundial. Em 2003, o Produto Interno Bruto (PIB) global teve expansão de 2,5%.