São Paulo – Em um artigo publicado nesta quarta-feira (04) no blog do Fundo Monetário Internacional (FMI), o diretor do Departamento do Hemisfério Ocidental do órgão, Nicolás Eyzaguirre, afirmou que a região não está livre do contágio da crise que atinge os países ricos, especialmente os europeus. Ele disse que as estimativas para a América Latina, que serão divulgadas pelo Fundo no dia 24, não serão melhores do que as publicadas em outubro de 2011. Na ocasião, o FMI previu que o Produto Interno Bruto (PIB) da região crescerá 4,3% este ano.
Eyzaguirre disse que, à medida que a crise europeia permanecer controlada, “o mais provável” é que o crescimento previsto para a América Latina continue sendo positivo, ainda que em um ritmo menos acelerado do que o registrado entre 2010 e 2011. Mas se os riscos aumentarem, a região deverá sofrer as consequências. Isso ocorrerá, segundo o executivo do FMI, porque os bancos da zona do euro mantêm 25% dos seus ativos nas filiais latino-americanas. Os bancos, afirmou, estão adotando políticas mais conservadoras e restringindo o acesso ao crédito.
“Embora estes bancos tenham tido a preocupação de financiar a maior parte das suas atividades na América Latina com depósitos dos habitantes e em moeda local, é possível que gerem uma grande demanda por fundos em dólares, já por causa da menor oferta [de crédito] das matrizes ou por um corte das linhas de crédito externas”, afirmou Eyzaguirre. Ele observou que, se os problemas europeus se propagarem, poderão cair os preços das matérias-primas, o que seria “tóxico” para o crescimento e a estabilidade da América Latina.
O economista afirmou que os latino-americanos podem enfrentar a crise ao manter em ordem suas finanças públicas, intensificar a supervisão dos sistemas financeiros e aumentar o gasto público para conter uma eventual desaceleração. Essa opção, contudo, só deve ser escolhida se “os riscos se intensificarem”. Eyzaguirre observou, contudo, que a situação macroeconômica de muitos países da região é sólida.