Marina Sarruf
São Paulo – A abertura de novos mercados internacionais, como China, Japão e países árabes, é a principal base da previsão de aumento das exportações brasileiras de frutas frescas feita pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para este ano. O Mapa quer que as vendas externas do setor aumentem 20% no volume embarcado em 2005. No ano passado foram vendidas 850 mil toneladas de frutas frescas e as exportações somaram US$ 370 milhões, um recorde para o setor.
"Atualmente 70% da produção nacional de frutas vai para Europa. É preciso intensificar as vendas para os países que já exportamos e buscar novos mercados", afirmou o técnico do Programa de Desenvolvimento da Fruticultura do Mapa, Rogério Pereira da Silva. Ele acredita que uma das ações para aumentar a participação da fruticultura no mercado externo é seguir as exigências internacionais.
"O Sistema de Produção Integrada, por exemplo, procura utilizar recursos naturais que não fazem mal ao trabalhador e à plantação", explicou. O programa, que tem por objetivo capacitar os produtores e técnicos agrícolas para utilizarem tecnologias naturais e produzirem alimentos mais limpos e seguros, é desenvolvido pelo Mapa em parceria com diversas instituições do país.
De acordo com Silva, um exemplo da importância dos métodos utilizados pelo Brasil para o cultivo das frutas é o caso do Japão, que após décadas de negociação com o governo brasileiro aceitou o sistema de esterilização das mangas nacionais e permitiu inicialmente a importação de 5,2 mil toneladas da fruta, o que deve render US$ 10,4 milhões anuais para os produtores brasileiros, segundo informações da embaixada do Brasil em Tóquio.
Outra ação do governo brasileiro para ampliar as vendas externas de frutas brasileiras e diversificar a pauta e os destinos das exportações para este ano é o programa Brazilian Fruit Festival, organizado pela Agência de Promoção de Exportações do Brasil (Apex Brasil), em parceria com o Instituto Brasileiro de Frutas (Ibraf) e o Grupo Carrefour. O programa tem como objetivo apresentar as frutas nacionais aos consumidores estrangeiros nas redes de supermercados do Carrefour.
No ano passado foram realizadas experiências piloto do programa em Portugal, Espanha e Polônia. Esse ano está previsto para ocorrer na França, Bélgica, Itália, Suíça e na América do Sul. "Também está sendo cogitado ampliar o programa para países árabes, eles fazem parte da nova prospecção de mercado", afirmou o gerente de exportação do Ibraf, Maurício de Sá Ferraz.
Mercado árabe
Segundo Ferraz, 40% das exportações brasileiras do setor são destinadas para Roterdã, na Holanda, e de lá as frutas são compradas por consumidores árabes. "Dubai (por exemplo) tem potencial para importar, é um mercado que já conhece as frutas brasileiras, mas o problema é a logística para conseguirmos exportar direto para a região", explicou.
Em 2004, os países árabes importaram diretamente do Brasil 2,28 mil toneladas, o que representou uma queda de 48,35% em relação a 2003. As exportações somaram US$ 848,24 mil, faturamento 10,17% menor do que no ano anterior. "Não existem ainda rotas diretas para exportar para os países árabes, estamos estudando os custos de rotas marítimas ou aéreas para saber qual a melhor alternativa para entrar no mercado árabe", disse Ferraz. Ele acredita que o mercado árabe tem potencial para importar as frutas brasileiras e capacidade de consumo. "Como eles não consomem bebidas alcoólicas, bebem muito suco de frutas", explicou.
O Ibraf vai participar em cerca de 30 eventos internacionais esse ano, entre eles duas mostras em países árabes. O "Saudi Food 2005", em Riad, na Arábia Saudita e o "Catar Hotel Restaurant", em Doha, no Catar. "As frutas brasileiras ainda são pouco conhecidas nos países árabes. Tenho certeza que a nossa manga, maçã, abacaxi, banana e mamão fariam muito sucesso na região", afirmou William Atui, diretor da Overfair e representante da Riyadh Exhbitions Co. no Brasil, empresa organizadora do evento na Arábia Saudita.
Meta de US$1 bilhão
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento estima elevar as exportações de frutas frescas para US$ 1 bilhão até 2010. No ano passado, as exportações de maçãs renderam US$ 72,5 milhões, o que representou um crescimento de 92% em relação a 2003.
Foram embarcadas 153 mil toneladas do produto, o que resultou em um aumento de 112%. Em segundo lugar ficou a manga, que mesmo com uma queda de 19% em volume, rendeu US$ 64,3 milhões. Mesmo que o setor tenha apresentando um faturamento recorde em 2004, as vendas externas da fruticultura do país correspondem a 1,6% em divisas e 2% em volume sobre as exportações mundiais.
O Brasil possui uma colheita anual de, aproximadamente, 38 milhões de toneladas e é o terceiro maior produtor mundial de frutas frescas, atrás da China e da Índia. Atualmente, o setor emprega mais de cinco milhões de pessoas e ocupa uma área de 3,4 milhões de hectares, segundo informações do Mapa.