Doha – Os líderes políticos do Mercosul e do Conselho de Cooperação do Golfo (GCC) querem concluir ainda este ano o acordo de livre comércio negociado entre os dois blocos. “Falei com meu querido amigo [Abdulrahman] Al-Attiyah e estamos seguros de que este ano vamos assinar finalmente o acordo, como um passo muito significativo nas relações entre a América do Sul e o Golfo”, disse o Ministro das Relações Exteriores do Paraguai, Alejandro Hamed Franco, citando o secretário-geral do GCC.
O Paraguai ocupa atualmente a presidência rotativa do Mercosul e, nessa função, Franco assinou nesta terça-feira (31) um comunicado sobre o estado das negociações com Al-Attiyah e o ministro das Relações Exteriores de Omã, Yousef Bin Alawi Bin Abdullah. Omã está na presidência temporária do GCC, bloco que reúne ainda a Arábia Saudita, Bahrein Catar, Emirados Árabes Unidos e Kuwait. O encontro ocorreu no hotel Sheraton, em Doha, durante a 2ª Cúpula América do Sul-Países Árabes.
O documento não fixa prazos e nem indica qual será a saída para o impasse no processo, que não tem avanços desde o início do ano passado. O problema é que há resistência à liberalização do comércio de produtos petroquímicos por parte de empresas do ramo do Mercosul, que temem a concorrência da indústria do Golfo. Como resposta, os negociadores do GCC ameaçam não fazer maiores concessões na área de alimentos.
Segundo o chanceler brasileiro, Celso Amorim, a declaração expressa o “desejo político” das duas partes em chegar a um acordo “que será muito importante e trará enormes benefícios”. “Naturalmente é um acordo complexo porque há interesses e preocupações dos dois lados”, afirmou Amorim.
Franco disse que os governos vão “redobrar os esforços” para poder concluir o tratado e que o potencial de comércio entre os dois blocos “é enorme”. “Os países do Golfo têm necessidade do que produzimos e de nossas experiências e vice-versa”, afirmou.
Ele acrescentou que em breve uma delegação de seu país, representando o Mercosul, viajará ao Golfo para dar continuidade ao processo. Questionado como o impasse atual será superado, o ministro disse: “Temos que negociar.”
De acordo com o comunicado, os chefes de estado dos países envolvidos “instruíram seus ministérios e agências a acelerar a freqüência de reuniões com vistas a atingir uma rápida conclusão das negociações” e “destacaram a necessidade de se explorar soluções criativas para os assuntos que permanecem pendentes”.