Isaura Daniel
São Paulo – A globalização é uma das grandes facilitadoras do empreendedorismo. A afirmação foi feita pelo egípcio Abdel Hamid Mamdouh, diretor de Comércio na divisão de Serviços da Organização Mundial do Comércio (OMC), ontem (15), durante o 10º Congresso Mundial de Jovens Empreendedores, que ocorre no Palácio de Convenções do Parque Anhembi, em São Paulo. Mamdouh é advogado e trabalha há 16 anos para a OMC, em Genebra, na Suíça. Antes disso ele era negociador comercial do governo egípcio.
Para um público de cerca de mil pessoas, a maioria jovens empresários, Mamdouh disse que é preciso estar atento às oportunidades que o mundo globalizado apresenta. Ele lembrou também, porém, em entrevista à ANBA, que é necessário garantir aos empreendedores de países em desenvolvimento condições boas e justas para acessar os mercados de grandes países. "Seja na América do Norte, Europa, Japão ou onde quer que queiram ir", afirmou.
De acordo com Mamdouh, a OMC o enviou como representante no encontro em função do seu tema, que é a liberalização do comércio e que interessa ao organismo. "Liberalização do comércio, conforme a sua nova definição, engloba movimento de capitais, de pessoas, acordos entre governos para a abertura de novas oportunidades de investimentos para empreendedores", afirmou.
Ele lembrou, porém, que liberalizar não significa desregulamentar e que é importante que a globalização ocorra de maneira organizada. A OMC atua justamente na regulamentação do comércio mundial.
Mamdouh afirmou que a geração de empreendedores atual é a melhor que o mundo já viu. "A informática e a tecnologia ajudaram tremendamente os empreendedores fornecendo-lhes ferramentas que não existem antes, dando-lhes informações sobre mercados que os empreendedores anteriores não tinham. O trabalho deles é facilitado pela globalização de mercados e a diminuição das barreiras entre países", disse o egípcio.
O representante da OMC falou também sobre os pontos que existem no Egito e no Brasil que estimulam o empreendedorismo. "Há similaridade na idade média da população, são economias em desenvolvimento com uma ampla base de recursos humanos, com jovens com boa formação", afirmou. Nos dois países, segundo Mamdouh, os órgãos de regulamentação têm nível de desenvolvimento similar e boa atração de investimentos estrangeiros. O advogado acredita, porém, que há necessidade de maior comunicação entre os empresários do Egito e do Brasil.
Essa é a primeira vez que Mamdouh viaja ao Brasil. Apesar de ter nascido no Egito, Mamdouh vive na Suíça há 21 anos. Antes de ser funcionário da OMC, o advogado atuou como representante do Egito para o Acordo Geral sobre Taxas Aduaneiras e Comércio (GATT). Ele também foi assessor de políticas comerciais do Ministério da Economia e Comércio Exterior do Egito, adido comercial da Embaixada do Egito em Canberra, na Austrália, e representante do Egito na comissão econômica para África da Organização das Nações Unidas (ONU) na Etiópia.
Na abertura do encontro, ontem, Mamdouh intitulou São Paulo como "uma maravilhosa cidade cosmopolita". Participaram com ele, como palestrantes do congresso, autoridades mundiais e empresários estrangeiros de renome, como o presidente do Conselho Mundial de Viagens e Turismo, Jean-Claude Baumgarten, e Ken Murphy, vice-presidente de Marketing e Comunicações da United Air Travel Plan, dos Estados Unidos.
Empreendedor modelo
O chinês Wong Kwong-yu, de 36 anos, foi homenageado como empreendedor pelas lideranças do encontro. Kwong-yu, dono da Gome Home Appliances Holding, que mantém uma cadeia de lojas de aparelhos eletrônicos, é um dos mais ricos empresários chineses. A empresa foi criada em 1987, com uma loja de 100 metros quadrados, e de acordo com o chinês, hoje é uma rede com 48 pontos comerciais. "Nosso desenvolvimento se baseou na automelhoria. Sempre estamos buscando inovação", disse o empresário.
O 10º Congresso Mundial de Jovens Empreendedores, que segue até amanhã, é promovido pela Universidade Mundial do Comércio, ligada à ONU. Quem organiza o encontro no Brasil é o Fórum de Jovens Empresários, grupo de empreendedores jovens mantido pela Associação Comercial de São Paulo. O presidente e chefe executivo da secretaria da Universidade Mundial do Comércio, Sujit Chowdhury, é também o secretário-geral do encontro e está coordenando as atividades.