São Paulo – Companhias do Golfo Arábico deverão investir cerca de US$ 50 bilhões na construção de armazéns e depósitos na região nos próximos dois anos. A informação foi divulgada pelo site árabe de notícias Emirates Business 24/7. Segundo a notícia, empresas do Golfo estão investindo cada vez mais na construção de gigantescas instalações para armazenagem, apostando na expansão do setor de logística da região.
"A coragem para investir em instalações para armazenagem aumenta a cada dia, impulsionada pelos ganhos da indústria de logística do Golfo", afirmou James Walsh, gerente geral da Gulf Warehousing Company (GWC), do Catar. "A tendência é que o setor receba ainda mais investimento nos próximos anos", disse Walsh.
De acordo com representantes do setor, a maior disponibilidade de depósitos deverá aliviar a demanda por maior capacidade de estocagem de produtos.
O Oriente Médio desponta como pólo logístico mundial, estando estrategicamente posicionado entre o Ocidente e o Extremo Oriente. Por isso, investidores prevêem um bom retorno para seus investimentos na indústria de logística.
A GWC, empresa de capital aberto com ações negociadas no Mercado de Valores Mobiliários de Doha, está construindo o Logistics Village Qatar (LVQ), complexo logístico que deverá custar 1,8 bilhão de riais (US$ 494,1 milhões), e o complexo industrial Mesaieed, também no Catar, a um custo de 70 milhões de riais (US$ 19,2 milhões).
O LVQ, que será o pólo logístico do país árabe, vai ocupar uma área de um milhão de metros quadrados, com 26 mil metros quadrados de armazéns refrigerados e 18 edifícios. O complexo também vai contar com 126 unidades independentes, incluindo armazéns de pequeno e médio porte, estacionamentos para caminhões, um pátio de operações, um pátio para contêineres, locais para armazenamento ao ar livre, instalações para a realização de leilões, um edifício administrativo, depósitos para armazenagem de veículos e outros serviços logísticos.
Já o projeto industrial Mesaieed deverá cobrir uma área de 60 mil metros quadrados, dos quais 26 mil metros quadrados serão destinados à armazenagem. "Os projetos LVQ e Mesaieed vão ajudar a gerar a capacidade de armazenagem necessária para suportar a rápida expansão do setor logístico na região", disse Walsh.
Fundada em 2004, a GWC teve lucro líquido de 1,8 milhão de riais (US$ 494 milhões) no primeiro semestre de 2008. A companhia também quintuplicou seu lucro operacional e reduziu significativamente suas despesas com aluguel de instalações.
Nos Emirados, a empresa Gazeley Limited é uma das líderes em fornecimento de espaço logístico. A Gazeley está negociando, com empresas locais e internacionais, a intermediação de projetos para construção de armazéns na região. "Nós crescemos construindo e vendendo instalações para armazenagem a companhias que precisam delas. Estamos introduzindo o mesmo conceito na região do Golfo porque identificamos uma forte demanda por armazéns e depósitos", disse o CEO da Gazeley, Patrick McGillcuddy.
A Gazeley foi adquirida pela Economic Zones World (EZW), subsidiária da companhia de investimentos Dubai World, do governo de Dubai. O valor da transação é estimado entre US$ 588 milhões e US$ 784 milhões. O foco da EZW é na construção de armazéns para seu próprio uso ou para aluguel. Agora, a companhia vai combinar seu modelo de negócios com o da Gazeley, com o objetivo de se tornar líder no mercado de armazenagem no país árabe.
Além da Gazeley Limited, muitas outras empresas dos Emirados estão interessadas em construir depósitos e armazéns para, em seguida, vendê-los aos usuários finais. Construtoras dos Emirados estão investindo pesado na construção de instalações para armazenamento no país, principalmente em Dubai, Sharjah e Abu Dhabi.
A disponibilidade de terra para a construção desse tipo de instalação ainda é um desafio na região, de acordo com Andrew Chambers, diretor administrativo da companhia imobiliária Asteco Property, de Dubai. Ainda assim, "qualquer investidor atento ao futuro está investindo uma porcentagem significativa de seu dinheiro em armazenamento", afirmou Chambers.
Para Martin Palmer, da Al Futtaim Logistics, a escassez de espaço para armazenamento deverá ser aliviada dentro de cerca de um ano. "Não posso afirmar que o problema vai desaparecer este ano. No entanto, ao que tudo indica, o problema de escassez será amenizado no ano que vem, quando diversos projetos deverão ser concluídos", disse Palmer.
*Tradução de Gabriel Pomerancblum