Da Agência CNI
São Paulo – O ministro da Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende, disse que o governo deve investir R$ 1 bilhão para incentivar inovação tecnológica no país. A informação foi dada ontem (24) durante o lançamento do Portal Inovação, na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
O site, que teve um investimento de R$ 6 milhões, possibilitará a cooperação entre empresas, instituições de pesquisa e universidades em torno do tema inovação. No portal, representantes de empresas e da comunidade técnico-científica poderão consultar uma base de especialistas e enviar propostas de trabalho e cooperação tecnológica. "O site será um facilitador dessa interação", acrescentou o ministro.
Sobre os investimentos do governo em inovação, Rezende disse que só o Ministério da Ciência eTecnologia deverá desembolsar R$ 600 milhões com financiamento de projetos, por meio de fundações, empréstimos e incentivos fiscais para empresários. Algumas medidas, segundo ele, constam na regulamentação da Lei de Inovação. Outras, como a subvenção econômica para empresas que empregarem pesquisadores, estavam sendo contempladas pela Medida Provisória 252, a MP do Bem, que caiu recentemente.
"Mas o governo está interessado em recuperar esses benefícios e vai colocar os mecanismos na MP 255", disse Rezende. De acordo com o ministro, a MP 255 deve ser apreciada pelo Senado ainda nesta semana.
O ministro afirmou que o exemplo de política de desenvolvimento tecnológico que o governo segue é semelhante ao promovido pela Coréia nos anos 80. "Como resultado de incentivos públicos à inovação, os empresários conseguem se desenvolver mesmo com situações adversas", disse.
Segundo ele, o tema inovação ainda é recente no Brasil. Nas universidades, até a década de 60, os professores não faziam pesquisa e só davam aula. Na indústria, até 40 anos atrás, o Brasil não tinha tido desenvolvimento industrial significativo. Ou seja, não havia ainda uma cultura de inovação. "O sistema de ciência e tecnologia das universidades e a produção das empresas foram questões desenvolvidas sem correlação entre si, o que foi o grande problema", afirmou Rezende.
Só há pouco tempo as indústrias começaram a despertar para o tema, depois de investirem pesado em programas de qualidade nos anos 80. O governo também se atentou ao tema há apenas dois anos. "Só agora também há uma política pública de desenvolvimento tecnológico industrial que incentiva a interação entre empresas e universidades, para que haja transferência de tecnologia."
A transferência de tecnologia entre empresas e universidades será um dos temas centrais do Congresso Brasileiro de Inovação na Indústria, que será realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) a partir de amanhã em São Paulo. Integrantes do governo participarão do evento para discutir incentivos públicos para inovação.
"O Congresso de inovação é um reflexo de que o diálogo entre o setor produtivo e o governo vem se ampliando nos últimos tempos", disse o ministro. Para ele, a discussão é positiva, principalmente, porque todos os setores produtivos estarão reunidos na 3ª Conferência de Ciência e Tecnologia, que será realizada pelo governo em novembro. "O importante é que políticas de inovação entrem definitivamente na agenda das empresas e do Brasil."