São Paulo – As importações brasileiras de produtos dos países árabes somaram US$ 6,5 bilhões no ano passado, um aumento de 23,4% em comparação com 2016. Os principais produtos comercializados foram combustíveis e fertilizantes, segundo informações divulgadas pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira com base em dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC).
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“O crescimento das importações reflete a aceleração econômica do Brasil, que está comprando mais”, comentou o presidente da Câmara Árabe, Rubens Hannun, nesta terça-feira (16), após café da manhã com associados na sede da entidade, em São Paulo. “As importações aumentaram muito mais do que as exportações”, observou.
As vendas do Brasil ao mundo árabe renderam US$ 13,6 bilhões em 2017, um crescimento de 18,4% sobre 2016. Mesmo com um avanço superior das compras externas, o País registrou um superávit comercial recorde com a região de US$ 7,1 bilhões.
O bloco respondeu por mais de 10% do saldo da balança comercial brasileira no ano passado. “Os países árabes seguem como o quarto maior destino das exportações brasileiras, o segundo no caso dos alimentos”, disse Hannun na reunião com os associados.
Ele destacou que o resultado final das exportações foi bastante positivo, pois no início “o ano [de 2017] vinha bastante complicado”, principalmente por causa da operação Carne Fraca da Polícia Federal, deflagrada em março, que investigou irregularidades em frigoríficos e na atuação de fiscais do Ministério da Agricultura, e causou danos à imagem das carnes brasileiras no exterior.
“A Câmara Árabe agiu rápido, montamos um comitê de crise, estabelecemos conexões entre o Ministério da Agricultura e os embaixadores árabes, e fomos a países da região com o ministro Blairo Maggi para explicar o que estava acontecendo aqui”, contou Hannun aos associados. “Fomos levar as informações pessoalmente”, destacou.
Segundo ele, tais medidas ajudaram a minimizar o impacto da operação nas exportações brasileiras, pois mostraram aos importadores árabes que a investigação da PF era localizada e não atingia a maior parte da indústria da carne. O executivo revelou que o comitê continuará ativo para agir de forma rápida na solução de problemas.
De forma geral, as exportações do Brasil ao Oriente Médio e Norte da África foram puxadas por produtos do agronegócio. Além da atuação no caso da Carne Fraca, Hannun ressaltou que 2017 foi um ano de “intensa atividade” da Câmara Árabe, num momento econômico turbulento tanto no Brasil como no Oriente Médio e Norte da África. “Nós estivemos presentes e de forma efetiva em 14 dos 22 países árabes”, afirmou o executivo.
A corrente de comércio do Brasil com a região, soma das exportações e das importações, cresceu 20% em 2017, sobre 2016, para mais de US$ 20 bilhões.
Perspectivas
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Na apresentação aos associados, o diretor-geral da Câmara Árabe, Michel Alaby, disse que as exportações brasileiras ao mundo árabe deverão crescer no mínimo 10% em 2018. Ele acredita que o total embarcado poderá superar os US$ 15 bilhões. O recorde das vendas à região, de US$ 15,1 bilhões, foi registrado em 2011.
Alaby avalia que irão crescer os embarques de frango, carne bovina, açúcar, cereais e minério de ferro, que juntos respondem por 70% da pauta. “Quem compra mais minério, significa que cresce a indústria, então cresce o consumo e cresce a renda”, afirmou o diretor-geral.
Segundo Hannun, o Brasil fornece 10% dos alimentos que os árabes consomem, então há espaço para crescer, principalmente em itens de maior valor agregado, como orgânicos. A Câmara Árabe espera avanço também nas importações em 2018, com destaque para fertilizantes, combustíveis e plásticos.