São Paulo – A indústria brasileira de doces está centrada no mercado externo este ano. O lançamento de um site internacional com versões em três idiomas é uma das apostas para divulgar os confeitos lá fora. Além disso, as empresas do ramo estão investindo na inovação de produtos e em embalagens em idiomas estrangeiros para aumentar suas exportações.
“Essa é uma indústria que começa a investir cada vez mais em inovações. Somos a terceira maior indústria de confeitaria do mundo”, destaca Rodrigo Solano, gestor de Exportação da Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab). Em termos de produção e vendas do ramo, o Brasil está atrás apenas dos Estados Unidos e da Alemanha.
Ele conta que a entidade, em alinhamento com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), está desenvolvendo uma estratégia chamada Brasil Beyond Sugar (Brasil além do açúcar), para mostrar o setor de confeitaria do País no exterior.
“O Brasil é conhecido como um grande exportador de açúcar e a gente quer mostrar ao mundo o que se faz com esse açúcar. Principalmente porque o açúcar de cana que é produzido aqui é diferente do açúcar de beterraba [feito no exterior], o açúcar de cana é mais doce”, ressalta.
Em novembro do ano passado, a Abicab lançou o site internacional da entidade. Disponível em árabe, inglês e espanhol, o site contabiliza, até este mês, 17,5 mil visualizações de páginas. O maior número de acessos, considerando as três versões, vieram da Alemanha, Estados Unidos, Itália, China e França.
Dos países árabes, os acessos vieram principalmente da Arábia Saudita, Iêmen, Líbia, Argélia e Emirados Árabes Unidos. Solano explica que, apesar de estarem abaixo na lista de visitantes do site, os árabes somados formam um número expressivo de interessados. “Se juntar todos os árabes, eles ficam logo atrás da Alemanha”, diz.
As notícias do site são atualizadas de 15 em 15 dias, mas o conteúdo é renovado em menos tempo, pois contém receitas, informações sobre eventos e sobre a indústria nacional. O endereço é www.sweetbrasil.org.br.
Exportações
Em 2013, o setor de confeitaria brasileiro exportou 118 mil toneladas, 3% a menos que no ano anterior. Os embarques somaram US$ 291,5 milhões. “Estamos em uma fase de reestruturação do setor. Nossa indústria está acompanhando o movimento de queda das outras indústrias”, afirma o gestor da Abicab sobre a redução das vendas externas.
Ele aponta, no entanto, um movimento das empresas para superar o declínio das vendas. “Existe uma tendência de busca por inovação, produtos ‘premium’ e ‘nutracêuticos’ (com propriedades nutritivas). O Brasil tem 300 sabores a serem explorados. Há uma grande chance de nossa indústria ter uma recuperação saudável”, diz.
Solano não arrisca, porém, fazer previsões para as exportações de 2014. “Este ano é um ponto de interrogação. O cenário continua bastante incerto e vai depender do desenvolvimento das empresas, e como o mundo vai responder. Estou bastante otimista, temos alguns associados com inovações agressivas para o mercado externo”, revela.
As embalagens fazem parte da estratégia de vendas. “Praticamente todas as empresas têm tradução de árabe nas embalagens. As embalagens estão passando por um processo de adaptação total para o mercado externo”, afirma Solano, apontando que há indústrias que estão deixando de exportar as embalagens em português com tradução para outros idiomas e vendendo os produtos em pacotes inteiramente em outras línguas.
Feiras e Copa
Para este ano, a Abicab tem alguns eventos programados para compradores estrangeiros. Durante a Copa do Mundo, por exemplo, a entidade trará seis importadores para conhecerem as indústrias nacionais de confeitaria.
As feiras fazem parte também da estratégia internacional da entidade. A Abicab vai levar oito empresas para a Gulfood, mostra que ocorre de 23 a 27 deste mês em Dubai, nos Emirados. São elas: Docile, Dori, Embaré, Garoto, Jazam, Harald, Peccin e Riclan.
Em novembro, a associação levará as companhias para a Sweets and Snacks Middle East, que ocorre também em Dubai. “O que a gente percebe é que as empresas veem o Oriente Médio como um dos principais mercados estratégicos para elas. As feiras em Dubai costumam ser mais movimentadas que as outras feiras, e isso atrai os associados”, avalia.
Em 2013, o Oriente Médio, incluindo outros países da região além dos árabes, representou 3% das exportações do segmento, com compras de 4,4 mil toneladas, um crescimento de 4,2% sobre 2012.