São Paulo – O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou nesta quinta-feira (29) análise que aponta queda do investimento público no Brasil este ano. “A taxa de investimento público alcançou o maior patamar do período pós-real no ano de 2010, mas há indícios de queda em 2011”, diz o Comunicado do Ipea Nº 126, sob o título “Como anda o investimento público no Brasil?”.
No ano passado, segundo o instituto, a taxa de investimento público chegou a 2,9% do Produto Interno Bruto (PIB), mas dados preliminares mostram que o percentual caiu para 2,5% em 2011. Os dados incluem as administrações federal, estaduais e municipais, mas não as empresas estatais.
Um dos fatores para queda é o que o instituto chama de “ciclo eleitoral”, ou seja, o investimento acelera em ano eleitoral e desacelera no ano subsequente, que geralmente é de ajuste fiscal. No ano passado houve eleições para presidente e governadores de estados. Em 2011, os eleitos cumprem os primeiros anos de seus mandatos.
Nesse sentido, o Ipea lembra que no início de 2011 o governo federal anunciou corte orçamentário de R$ 50 bilhões e, posteriormente, divulgou a intenção de ampliar esse valor em R$ 10 bilhões, confirmando a tese do ano de bondades seguido do ano de arrocho.
Como o investimento público cresceu de 2004 a 2010, o Ipea questiona se em 2011 houve interrupção dessa tendência. A resposta é que ainda não é possível afirmar com certeza, já que os dados disponíveis são ainda do primeiro semestre e é preciso considerar o efeito do “ciclo eleitoral”, mas o instituto alerta que “é provável que a taxa de investimento em 2011 não retorne aos níveis observados no final de 2010”.
O levantamento analisa dois períodos recentes, de 1995 a 2003, quando o crescimento do investimento público foi baixo, e de 2004 a 2010, quando houve aceleração do investimento. Para o Ipea, esse fenômeno pode ser explicado, em parte, pela mudança de orientação do governo no que diz respeito a qual deve ser o papel do estado e marca a transição do governo de Fernando Henrique Cardoso para o de Luiz Inácio Lula da Silva. Lula e seu partido, o PT, sempre defenderam um estado com maior participação na economia.
Outra explicação é o crescimento econômico do País, que impulsiona o avanço de investimento de forma constante, apesar do “ciclo eleitoral”. Segundo o Ipea, um aumento de 1% do PIB é acompanhado de uma expansão de 0,42% no investimento público. Nesse sentido, o instituto afirma que a continuidade da tendência de crescimento do investimento “dependerá das decisões a serem tomadas futuramente e da capacidade das autoridades de criarem espaço para os investimentos”.