Emirates News Agency*
Abu Dhabi (Emirados Árabes Unidos) – Os baixos estoques de combustíveis para transportes e os lucros recordes obtidos pela indústria de refino de petróleo devem reativar os investimentos e incentivar uma série de aquisições no setor, dizem analistas. As empresas petrolíferas podem aproveitar os altos lucros que tiveram no ano passado, por causa do aumento no preço da commodity, para ampliar refinarias ou vender ativos que agora se mostram mais atraentes a investidores privados e independentes, segundo reportagem da agência Reuters publicada pelo jornal árabe Gulf News.
Até agora, devido às décadas de pequenas margens de lucro causadas pelo excesso de capacidade produtiva, as grandes empresas relutaram em investir no setor. A maioria dos investimentos foi destinada a atender requisitos ambientais mais rígidos.
"Podemos ter chegado na virada", declarou o chefe para a Europa do departamento de energia do Deutsche Bank, David Waring. O executivo disse acreditar também que 18 refinarias européias devem mudar de mãos nos próximos dois anos. Além disso, a Total, maior refinaria da Europa, vai ampliar em aproximadamente 70% seu investimentos em refino nos próximos três anos.
"Estamos mais abertos do que antes à opção de investir em algumas refinarias, especialmente nas que produzem diesel", declarou Jean-Jacques Mosconi, vice-presidente sênior da Total.
A Europa sofre atualmente com a falta de combustíveis destilados, entre eles diesel, combustível de aviões e óleo para calefação, pois suas refinarias investiram excessivamente na produção de gasolina, ao mesmo tempo em que os motoristas cada vez mais preferem o diesel. A Total acredita que o uso de diesel entre os veículos de passeio europeus pode chegar a 68% em 2010, contra os atuais 55%. "A grade questão nos anos que virão será encontrar destilados", declarou Mosconi.
A Ásia, que foi responsável pelo crescimento da demanda mundial nesta década, aumentará sua capacidade de refino em mais de 700 mil barris por dia este ano. O emergente gigante de consumo, a China, irá simplesmente acompanhar o crescimento da demanda, enquanto a Índia ampliará suas exportações.
Novos empreendimentos
Alguns grandes exportadores também estão montando novas refinarias. A Saudi Aramco, petrolífera estatal Saudita, anunciou na semana passada que está discutindo com possíveis parceiros a construção de uma refinaria exclusivamente para exportação. Enquanto isso, o Kuwait e a Argélia pretendem construir novas refinarias até o início da próxima década.
Essa fase de lucros altos pode durar apenas alguns anos, pois a capacidade de produção gerada com estes novos empreendimentos vai atender à crescente demanda por produtos como diesel. O aumento no consumo destes combustíveis ajudou a aumentar em 34% a cotação do petróleo em 2004.
Os investidores em potencial, porém, vão estar atentos ao alto custo para a construção de uma unidade produtora de diesel, de aproximadamente US$ 700 milhões, além dos gastos necessários para controlar a emissão de poluentes, como enxofre e dióxido de carbono. A maior petrolífera do mundo, ExxonMobil, por exemplo, informou que não pretende construir novas plantas, mas anunciou que vai investir no aumento de capacidade produtiva.
*Tradução de Mark Ament