Foz do Iguaçu – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta sexta-feira (17) que deixa a presidência rotativa do Mercosul e também o comando do governo brasileiro satisfeito com a união alcançada pelo bloco. As declarações foram feitas durante entrevista coletiva realizada no encerramento da 40º Cúpula de Presidentes dos Estados Partes do Mercosul e Estados Associados, em Foz do Iguaçu, no Paraná.
“Eu deixo a presidência pró-tempore satisfeito e a presidência do Brasil realizado. Queira Deus que todos vocês (os demais presidentes) consigam fazer, daqui para frente, o que nós fizemos nos últimos anos, e que o povo do Mercosul possa se orgulhar de estar dentro do Mercosul”, declarou. Lula passa a presidência brasileira para sua sucessora, a presidente eleita Dilma Roussef, no dia 01 de janeiro. Já o comando do bloco sul-americano ficará a cargo do Paraguai pelos próximos seis meses.
Lula destacou que, até pouco tempo atrás, alguns países achavam que não “valia a pena” fazer parte do Mercosul e que, hoje, a situação favorável do bloco modificou a visão destes chefes de estado. “Eu penso que, hoje, nenhum de nós se queixa de estar no Mercosul, e todos nós damos graças a Deus por termos ficado no Mercosul.”
O presidente enfatizou seu desejo de que outros países sul-americanos venham a integrar o bloco, que atualmente é composto por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. “Eu peço que os futuros presidentes, os companheiros que vão continuar dirigindo o Mercosul, trabalhem de forma incansável para que a gente traga o Chile, o Equador, a Bolívia, a Colômbia, para que o Paraguai (que assumirá a presidência do Mercosul por seis meses) aprove a Venezuela, que a gente consiga trazer o Peru, a Guiana para participar. Afinal de contas, o momento é propício, é extraordinário, e nós não poderemos abdicar desse esforço.”
Lula dirigiu-se ao presidente paraguaio, Fernando Lugo, dizendo que este pode contar com o apoio de Dilma para trazer outros membros para o Mercosul, e formar “um bloco forte economicamente, justo socialmente e ensinando democracia a muita gente que acha que conhece democracia”.
Lugo respondeu que assume a presidência do Mercosul “com muito otimismo”. “Hoje, temos um Mercosul consciente de suas dificuldades, mas que olha para [as necessidades de] seus membros”. O presidente paraguaio disse também que deseja uma maior integração regional.
Em relação a um possível cargo como secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Lula recusou que tivesse interesse em assumir a posição. No entanto, ele ressaltou que deverá continuar atuando politicamente.
“Eu acho que a ONU tem que ser dirigida por um técnico, porque ela não pode ter um dirigente maior que o presidente de um país. E eu fico preocupado, porque se virar moda presidente de país dirigir a ONU, daqui a pouco os Estados Unidos estão disputando, além do Conselho de Segurança, também o controle das Nações Unidas, e aí tudo ficará mais difícil.”
“Eu já me dou por satisfeito por ter sido presidente do Brasil. Agora, aos 65 anos de idade, eu não vou pendurar as chuteiras, porque, como político, eu faço política, vou continuar fazendo política onde for necessária a boa política”, completou. Lula falou ainda sobre sua vontade de levar as experiências sociais do Brasil para países mais pobres, como os da África. “O Brasil tem políticas sociais extremamente exitosas, e eu acho que isto poderá servir de base para outros países.”