São Paulo – O CEO da DP World, Sultan Ahmed bin Sulayem, afirmou ontem (20) ter aberto uma exceção ao investir na Embraport, maior terminal portuário privado de uso múltiplo do Brasil que será construído em Santos, no litoral de São Paulo. Sulayem visitou nesta terça-feira o terreno onde ficará o terminal, juntamente com o ministro dos Negócios Estrangeiros dos Emirados Árabes Unidos, Abdullah Al Nahyan.
A DP World tem, junto com a Odebrecht, participação majoritária na Empresa Brasileira de Terminais Portuários (Embraport), dona do terminal. Sulayem declarou que a DP World, que é dos Emirados, estava procurando empreendimentos já em estágio avançado de desenvolvimento para investir, e que abriu uma exceção ao escolher o projeto de Santos.
Já o ministro árabe declarou, na visita, estar satisfeito por seu país estar realizando investimentos no Brasil. "É importante que trabalhemos juntos para alcançar a excelência, isto é bom para ambas as partes", afirmou. Al Nahyan, em encontro com o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, na segunda-feira (19), também mostrou a disposição dos Emirados em ampliar os investimentos no país.
A DP World é uma das maiores operadoras de terminais marítimos do mundo, com 49 terminais e 12 empreendimentos em 31 países, empregando 30 mil funcionários.
Pedro Brito, ministro-chefe da Secretaria Especial dos Portos, também presente ao evento, declarou que o investimento da DP World no terminal de Santos, assim como a compra por investidores dos Emirados nas ações do banco Santander, são importantes formas de abertura do mercado brasileiro aos países árabes. Ele acredita que isso demonstra confiança na economia do Brasil.
"Eu acho que isso revela, em primeiro lugar, a capacidade da economia brasileira de responder a situações de crise, como essa que vivemos agora. Indica que o Brasil, de fato, encontrou o caminho certo para novos investimentos. Eu acho que, daqui para frente, isso vai virar uma rotina, com fundos soberanos, investidores internacionais querendo fazer investimento no Brasil. Para nós, isso é muito importante, porque, na prática, significa gerar emprego para os brasileiros".
Brito informou que, até o final de 2010, o Brasil terá investido mais de US$ 1 bilhão somente em dragagem. Ele também afirmou que o Brasil espera receber no próximo ano em torno de US$ 45 bilhões em investimentos estrangeiros.
O prefeito de Santos, João Paulo Tavares Papa, declarou que o futuro da economia brasileira depende muito do porto de Santos. "O terminal da Embraport é o início de um novo momento para os portos brasileiros", afirmou.
A brasileira Odebrecht Investimentos em Infraestrutura e a DP World adquiriram 52% de participação na Embraport, constituída em 1998 para construir e operar o terminal em Santos. O grupo Coimex e o Fundo de Investimento do FGTS, gerido pela Caixa Econômica Federal também têm parte no empreendimento.
Marcelo Jardim, representante da Odebrecht no conselho de administração da Embraport, declarou que a empresa está disposta a fazer de seu terminal o melhor de todo o porto de Santos e destacou a importância do investimento árabe na realização do terminal. "Este capital internacional viabilizou definitivamente o empreendimento, e é muito bem recebido pela comunidade portuária brasileira", disse.
As obras do terminal serão iniciadas no primeiro trimestre de 2010 e a primeira fase, que receberá investimentos de pelo menos US$ 500 milhões, deve estar concluída em 2012. Quando estiver concluído, o terminal deverá operar 1,5 milhão de TEU (unidade de contêineres equivalente a 20 pés) e cerca de 2 bilhões de litros de etanol.
Ministro em São Paulo
A visita a área do terminal em Santos foi uma das últimas atividades do ministro dos Emirados no Brasil. Ele esteve acompanhado de uma delegação de empresários que esteve, também ontem, na sede da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, em São Paulo. Na capital paulsita, Al Nahyan também se reuniu com o governo do estado, José Serra. No encontro, no Palácio dos Bandeirantes, o ministro árabe reforçou a vontade do seu país de investir no Brasil. O presidente da Câmara Árabe, Salim Taufic Schahin, participou do encontro.
Durante a reunião, o ministro afirmou que os fundos soberanos dos Emirados têm grande interesse em investir no estado de São Paulo e também em outras regiões do Brasil, mas destacou a necessidade de um tratado para evitar a tributação do Imposto de Renda sobre estes investimentos.