São Paulo – O município de Muriaé, no interior de Minas Gerais, é um dos responsáveis por abastecer com pijamas, camisolas, robes e short dolls grandes magazines, pequenas lojas e sacoleiras Brasil afora. A cidade fabrica 240 mil peças de roupas ao ano, principalmente para dormir, e fatura com isso R$ 28 milhões anuais. Em 2011, o polo de Muriaé, assim como as demais empresas brasileiras do setor, sofreu com a concorrência chinesa e esperava amargar uma queda de produção de 6%. Mas para 2012 os planos incluem a retomada do crescimento.
"Em anos anteriores crescemos acima do percentual nacional", afirma o delegado regional do Sindicato das Indústrias do Vestuário do Estado de Minas Gerais (Sindivest-MG), Carlos Magno de Oliveira. Segundo ele, como as empresas perderam mercado principalmente junto aos grandes magazines, onde a importação da China aumentou, a estratégia é se voltar mais para os pequenos estabelecimentos e com isso tentar voltar ao patamar de crescimento de 6% a 7%.
O polo de Muriaé congrega 434 indústrias, principalmente de pequeno porte. No universo de empresas, 64% são voltadas para lingerie noite feminina e masculina, que é como são chamadas as roupas de dormir no setor. Do total produzido, 80% é para mulheres. Há algumas empresas que fabricam peças sofisticadas, relata o delegado do Sindivest-MG, mas a maioria das roupas é voltada para classe média ou popular, o que faz com que a malha de algodão e a malha de PV (fria) sejam as principais matérias-primas utilizadas.
A indústria da área começou a se formar há cerca de 40 anos, em função de ser de alta empregabilidade e também contratar mão de obra feminina. “A região tinha indústria de motores e pecuária leiteira. Havia ociosidade de mão de obra feminina”, explica Oliveira. As indústrias nasceram então para gerar mais renda familiar e o polo acabou crescendo e ganhando força. Hoje a média de funcionários das empresas é de 20 pessoas. Mas, além das indústrias formais, há as informais, conta Oliveira, que chegam a 50% do tamanho do polo.
As empresas, conta Oliveira, estão abertas à exportação, caso haja compradores interessados, mas não planejam nenhum esforço neste sentido por enquanto. Houve uma tentativa, há mais de oito anos, com ações na Europa e América do Sul, mas o projeto acabou não indo para frente. "Nosso mercado interno é bem grande, acabamos optando por trabalhar o mercado interno", diz Oliveira. No País, o setor participa de mostras como a Fenit, em São Paulo, e a Fevest, em Nova Friburgo, no Rio de Janeiro.
A parte comercial de cada empresa é individual, mas elas definem juntas estratégias como a participação coletiva em feiras e as áreas onde haverá treinamento. Normalmente essas qualificações e idas a mostras são feitas com a ajuda de órgãos ligados ao segmento, como Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Serviço Nacional da Aprendizagem Industrial (Senai), Conselho de Desenvolvimento Econômico do Setor de Confecções de Muriaé, ligado à Prefeitura Municipal, e Sindivest.