São Paulo – Torneios como Copa do Mundo, campeonato de Fórmula-1 e Olimpíadas atraem gente de todos os lugares e idades para o local do evento. Mas quem deseja ganhar dinheiro com o público que virá para a Copa do Brasil, em 2014, deve concentrar suas atenções nos homens e nos turistas que virão em grupos. Dos cerca de 600 mil estrangeiros que o Brasil deverá receber entre junho e julho de 2014, 83% deverão ser homens com renda média familiar de R$ 25 mil por mês, conforme dados do Ministério do Turismo. Desses torcedores, 81% deverão vir ao País em grupos.
Essas não são as únicas informações sobre estes torcedores. O coordenador da área educacional de eventos do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) em São Paulo, Marcelo Calado, revela outras características deste público. “Eles são reincidentes em copas do mundo e deverão também viajar pelo País entre os jogos e procurar entretenimento”, afirma. Trata-se, segundo Calado, de um público diferente daquele que assiste às Olimpíadas. "Os Jogos Olímpicos atraem pessoas que trabalham com esporte e parentes dos atletas."
Sejam homens, mulheres ou famílias, os estrangeiros deverão gastar, em média, R$ 11 mil no Brasil, com passagem aérea e hospedagem incluídas. Além da cidade em que assistirão aos jogos, os torcedores estrangeiros deverão visitar mais quatro cidades enquanto estiverem no Brasil.
Durante a Copa do Mundo de 2006, a Alemanha, país-sede do evento, recebeu aproximadamente dois milhões de turistas estrangeiros. Em 2010, os sul-africanos receberam 310 mil pessoas.
A expectativa é que o Brasil receba mais turistas que a África do Sul, porém menos do que os alemães. Calado afirma que é difícil comparar o fluxo de turistas que foram à África e que virão ao Brasil com aqueles que visitaram a Alemanha. “Os países da Europa ficam muito próximos e o acesso entre eles é fácil. Então, o torcedor se desloca com mais facilidade, mas volta para casa em menos tempo”, diz.
Diretor do departamento de estudos e pesquisas do Ministério do Turismo, José Francisco de Salles Lopes afirma que o Brasil deverá receber muitos torcedores da América do Sul pelo mesmo motivo que a Alemanha atraiu tantos europeus: a proximidade.
“Receberemos muita gente da Argentina, Venezuela, Colômbia, além dos habitantes da Europa e dos Estados Unidos. Os maiores emissários mundiais de turistas são a Inglaterra e a Alemanha. Mas a quantidade que cada país vai mandar dependerá da classificação das seleções para o evento”, diz Lopes. Segundo Calado, um turista permanece entre oito e dez dias no país que recebe o evento. Na Copa do Brasil, porém, o visitante deverá ficar mais tempo no País, pois a distância é, em geral, maior.
Calado lembra que o maior tempo de permanência do estrangeiro aqui gera oportunidades, mas também desafios. “Alguns estudos mostram que quanto mais tempo a pessoa fica em um país, mais ela gasta em supermercados, não apenas em restaurantes. Os locais de hospedagem já têm profissionais que falam duas línguas, mas as lojas, comércio, livrarias, supermercados ainda não. Falta qualificação neste setor”, afirma.
Até quem não é empresário nem vai trabalhar diretamente com a Copa do Mundo pode gerar riqueza com os turistas estrangeiros no Brasil. De acordo com Lopes, na Copa da África do Sul, 10% dos estrangeiros se hospedaram em casas de família. Essa tendência deverá se repetir por aqui. “O que haverá aqui é o que está se popularizando e que aconteceu já na copa de 2010, que é o ‘bed and breakfast’, ou ‘café e cama’. Os turistas se hospedam na casa de famílias apenas para dormir e aproveitar o café da manhã”, diz.