São Paulo – Os investimentos estrangeiros diretos (IED) com origem em países do Oriente Médio aumentaram 65% em 2013 em relação ao ano anterior, segundo o Relatório Mundial de Investimentos 2014 divulgado nesta terça-feira (24) pela Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad). O desempenho foi impulsionado pelas nações do Conselho de Cooperação do Golfo (GCC), bloco formado por Arábia Saudita, Bahrein, Catar, Emirados Árabes Unidos, Kuwait e Omã. Os IED, via de regra, são recursos aplicados em setores produtivos da economia.
Segundo a organização, estes países concentram um alto nível de reservas internacionais em moeda forte. São tradicionais produtores e exportadores de petróleo, gás e derivados, portanto têm grande liquidez em dólar. Cada um dos membros do bloco ampliou seus investimentos no exterior, mas, de acordo com a Unctad, os destaques foram o Catar, que quadruplicou o montante, e o Kuwait, que aumentou em 159%.
O relatório acrescenta que os recursos originados na região deverão continuar a crescer no futuro. Na outra mão, as perspectivas para o bloco como destino de investimentos não são positivas, dadas as incertezas políticas que cercam o Oriente Médio.
No ano passado, o fluxo de IED para as nações da região caiu pelo quinto ano consecutivo. O total registrado foi de US$ 44 bilhões, um recuo de 9% em comparação com 2012, segundo a Unctad. “As altas e persistentes tensões regionais continuam a ampliar as incertezas políticas e a frear os investidores”, informou a organização em comunicado.
Há, no entanto, diferenças entre os países. A entrada de investimentos no Iraque, por exemplo, somou US$ 2,9 bilhões em 2013, um aumento de 20% sobre 2012. Nos Emirados, o ingresso de recursos chegou a US$ 10,5 bilhões, um crescimento de 9% na mesma comparação. Isso colocou o país como segundo maior destino de IED na região no ano passado, atrás apenas da Turquia.
Já os investimentos na Arábia Saudita caíram 24% e ficaram em US$ 9,3 bilhões. Isso fez com que o país caísse da segunda para a terceira posição entre os principais destinos de IED no Oriente Médio.
Houve aumento do fluxo também para a Jordânia e recuo nos casos do Líbano e do Kuwait.
No Norte da África, o fluxo de IED ficou em US$ 15,5 bilhões em 2013, uma queda de 7% em comparação com o ano anterior. A Unctad destaca, porém, que o patamar registrado ainda é relativamente alto e há expectativa de retorno dos investidores.
O Egito segue como principal destino dos investimentos na região, apesar de uma redução de 19% no ano passado para US$ 5,6 bilhões. Outras nações norte-africanas, no entanto, receberam mais recursos do que em 2012. O Marrocos e o Sudão, por exemplo, atraíram US$ 3 bilhões cada.
Fluxo mundial
De acordo com a Unctad, o fluxo mundial de investimentos estrangeiros diretos ficou em US$ 1,45 trilhão no ano passado, um aumento de 9% em relação a 2012. A organização estima que o total vai chegar a US$ 1,6 trilhão em 2014, US$ 1,75 trilhão em 2015 e US$ 1,85 trilhão em 2016. As projeções ainda estão abaixo do valor recorde de US$ 2 trilhões atingido em 2007, antes da crise financeira internacional.
Nos anos posteriores à crise, o fluxo internacional de investimentos diretos foi impulsionado pelos países emergentes, e no ano passado estas nações receberam US$ 778 bilhões, valor recorde equivalente a 54% do total mundial.
Nos próximos anos, porém, as nações desenvolvidas deverão voltar a receber mais recursos. A Unctad prevê que a fatia destes países deverá chegar a 52% do total em 2016, após ficar abaixo de 40% em 2012 e 2013.
Os investimentos nos países em desenvolvimento, porém, deverão manter um patamar alto nos próximos anos.
Brasil
Na América Latina, o fluxo de IED chegou a US$ 182 bilhões em 2013, um crescimento de 6% em comparação com 2012. O aumento foi puxado pela América Central e o Caribe.
O Brasil, principal destino da região, recebeu US$ 64 bilhões, um recuo de 2% em relação ao ano anterior. A Unctad informa, no entanto, que em algumas atividades produtivas o País recebeu mais recursos, como no setor primário e nas indústrias de automóveis, de eletrônicos e de bebidas. A entidade destacou o potencial de crescimento da indústria automobilística brasileira, com diversos novos investimentos anunciados e em andamento.
O resultado de 2013, porém, fez com que o Brasil caísse da quarta para a quinta posição entre as nações mais recebem IED. O País está atrás dos Estados Unidos, China, Rússia e Hong Kong. A Rússia, por sua vez, passou da sétima para a terceira colocação.