Marco Bahe
Recife – Uma disputa que já durava quase dois anos foi encerrada na última segunda-feira (14). A nova refinaria da Petrobras será instalada no complexo industrial e portuário de Suape, no litoral sul de Pernambuco. O investimento de US$ 2,5 bilhões estava sendo disputado por mais 10 estados brasileiros. Suape, porém, apresentou vantagens técnicas de infra-estrutura e logística em relação aos outros concorrentes. A refinaria será construída com a participação da estatal Petróleos de Venezuela (PDVSA).
O protocolo para a parceria Petrobras/PDVSA foi assinado na última sexta-feira pelo presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, e seu colega venezuelano, Hugo Chávez, em Caracas. O projeto prevê a instalação de uma planta de refino, com capacidade para processar 200 mil barris diários de óleo pesado.
Mais 11 acordos de cooperação foram assinados pelas duas empresas petrolíferas, incluindo a construção de uma fábrica de lubrificantes em Havana, capital de Cuba. Esta terá um terceiro sócio: a estatal cubana Cupete. Outro acerto firmado foi o do fornecimento de etanol pelo Brasil à Venezuela para adição à gasolina. Atualmente, aquele país adiciona chumbo tetraetila, insumo muito mais poluente que o etanol.
A escolha pelo complexo de Suape, numa das partes mais orientais do Brasil, se deu pela sua proximidade aos grandes centros consumidores, como Estados Unidos e Europa. A refinaria pernambucana processará óleo bruto extraído no Brasil e na Venezuela, transportado por via marítima.
De acordo com Gilberto Prado, presidente da empresa montada para conduzir o empreendimento, a Renor, as obras começarão dentro de seis a oito meses. A planta, porém, só estará pronta para operar em 2010. "Foi formado um grupo de trabalho entre as empresas envolvidas para que o processo se inicie rapidamente. O governo brasileiro já se prontificou a derrubar qualquer empecilho burocrático", disse.
Um outro estado nordestino, o Ceará, vem mantendo conversações com a multinacional saudita Saudi Aramco para a construção de uma refinaria no pólo industrial de Pecém. A Aramco chegou a protocolar, junto o Ministério das Minas e Energia do Brasil, uma carta de intenções sobre o empreendimento. O investimento seria de US$ 3 bilhões.