São Paulo – A crise que atinge os países ricos e o aumento da oferta fizeram os preços dos alimentos cair 8% entre setembro e dezembro de 2011 e fechar o último mês do ano 7% mais baixos do que no mesmo período de 2010, de acordo com o relatório “Monitor de preço dos alimentos”, divulgado nesta terça-feira (30) pelo Banco Mundial. Mesmo com a queda no fim do ano, na média, os alimentos ficaram 24% mais caros em 2011 na comparação com 2010, segundo o levantamento, que é feito a cada três meses.
O Banco Mundial prevê uma “projeção favorável de queda nos preços dos alimentos durante 2012 devido à redução da demanda dos consumidores, desaceleração da economia mundial, reduções já previstas nos preços da energia, do petróleo bruto e boas perspectivas na oferta de alimentos em 2012”.
Mesmo assim, diz o levantamento, os preços continuarão voláteis e poderão subir se houver aumento na demanda por biocombustíveis, se o preço do petróleo avançar por causa de instabilidades dos países produtores e até porque os estoques de alguns alimentos estão baixos. As constatações são semelhantes a um relatório da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) publicado este mês.
As mudanças no clima também ameaçam a produtividade e, por consequência, os preços. “O fenômeno La Niña já fez sua aparição no Oceano Pacífico e acredita-se que poderá afetar a época de cultivos de milho e soja na Argentina e no Brasil.”
Durante 2011, o preço de produtos básicos, como milho, soja e trigo impediu que as reduções no fim do ano fossem maiores do que as registradas. Além da pressão internacional sobre o preço desses alimentos, o mercado doméstico de alguns países fez subir muito o valor de alguns produtos. Foi o caso, por exemplo, da alta de 88% do preço do trigo na Belarus e de 23% na Etiópia entre dezembro de 2010 e dezembro de 2011. Neste período, cresceu 81% o valor do arroz em Uganda, 117% o valor do milho no Quênia e 106% no México e houve aumento de 28% do sorgo na Etiópia.
O vice-presidente de gestão econômica e redução da pobreza do Grupo Banco Mundial, Otaviano Canuto, afirmou que “as piores altas” de preços já passaram, mesmo assim “não devemos descuidar”. “Os preços de alguns alimentos seguem muito altos em muitos países, e assim milhões de pessoas ficam expostas ao risco de desnutrição e à fome. Os governos devem se colocar à altura [do desafio] e adotar políticas que ajudem as pessoas a lidar com esta situação”, disse.
O economista-chefe do Banco Mundial, José Cuesta, declarou que os preços continuam elevados nos países do leste e do oeste africano, por causa, especialmente, das más condições climáticas e de conflitos regionais. “Temos que permanecer vigilantes, pois preços elevados podem ocasionar consequências nutricionais devastadoras, com repercussões no desempenho escolar, condições de saúde, desenvolvimento cognitivo e na produtividade”, ressaltou.