São Paulo – O presidente da Síria, Bashar Al Assad, chega hoje (29) ao Brasil para uma visita inédita. Ele vai retribuir viagem feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2003. A Síria foi o primeiro país árabe visitado por Lula. Nesta quarta-feira, Assad terá programação em Brasília, incluindo encontro com seu colega brasileiro.
Os dois devem conversar sobre assuntos regionais e internacionais, especialmente os conflitos no Oriente Médio. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, publicada no último domingo, Assad disse que o Brasil pode ajudar no processo de paz com Israel e que vai tratar do tema com Lula.
Israel ocupou em 1967, na Guerra dos Seis Dias, as Colinas do Golã, parte do território sírio, e mantém a área anexada até hoje. Os dois países já promoveram negociações sobre o assunto, mas não chegaram a um acordo. A última tentativa, mediada pela Turquia, ocorreu em 2008.
Ao Estadão, Assad afirmou que o papel do presidente Lula, ao lado da Turquia, na negociação de um acordo sobre o programa nuclear do Irã, elevou a influência do Brasil no Oriente Médio a um novo patamar.
Além da questão do Golã, a Síria é estrategicamente importante para a resolução dos conflitos na região, já que tem influência sobre movimentos no Líbano e na Palestina, além de abrigar em seu território um grande número de refugiados palestinos e iraquianos.
Na seara bilateral, segundo informações do chefe do Departamento do Oriente Médio do Itamaraty, Sarkis Karmirian, e do encarregado de negócios da embaixada da Síria em Brasília, Ghassan Obeid, haverá assinatura de acordos entre os dois governos e troca de condecorações entre os dois presidentes.
O conteúdo dos acordos ainda estava sendo finalizado na tarde de hoje, mas, de acordo com nota divulgada pelo Itamaraty, eles devem tratar de temas como cooperação jurídica, educacional e na área de saúde.
Na quarta-feira mesmo, após visita ao Congresso Nacional, Assad segue para São Paulo, onde vai ocorrer um coquetel oferecido pelo governo sírio no Club Homs, tradicional instituição localizada na Avenida Paulista. Os sírios e seus descendentes compõem a segunda maior comunidade de origem árabe do Brasil, atrás apenas da libanesa.
No dia seguinte, o presidente sírio vai visitar o Hospital Sírio-Libanês e terá uma reunião com a diretoria da Câmara de Comércio Árabe Brasileira. O presidente da entidade, Salim Taufic Schahin, afirmou que pretende conversar sobre os esforços bilaterais para ampliar as relações nas áreas de comércio, investimentos, turismo e cultura, que são os quatro pilares trabalhados pela Câmara Árabe atualmente.
Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, as exportações do Brasil à Síria renderam US$ 303 milhões no ano passado, um aumento de 7,76% sobre 2008. De janeiro a maio de 2010, os embarques brasileiros somaram US$ 148,5 milhões, um avanço de 96% em comparação com o mesmo período de 2009.
Assad ainda vai visitar o Rio de Janeiro e no dia 02 segue para a Argentina. A vinda ao Brasil faz parte de um giro pela América Latina. Ele já esteve na Venezuela e em Cuba.