Emirates News Agency*
Dubai – Os países do Oriente Médio estão investindo na infra-estrutura do setor de energia para atender ao aumento da demanda gerado pelo crescimento populacional e pela expansão da indústria. Um dos principais projetos em desenvolvimento é a Rede Energética do Golfo, que vai ligar o Bahrein, Kuwait, Catar e Arábia Saudita até o final de 2008, sendo que os Emirados Árabes Unidos e Omã serão incluídos no sistema posteriormente. O valor do empreendimento é de US$ 1,25 bilhão.
O projeto é visto como essencial pelos seis países que compõem o Conselho de Cooperação do Golfo (GCC), pois vai permitir que as nações conectadas utilizem eletricidade de seus vizinhos no caso de emergências, garantindo maior estabilidade no fornecimento de energia e eliminando o risco de apagões. No futuro, o sistema poderá transformado em uma rede de energia pan-árabe, ou seja, que atenda a todo o mundo árabe.
Como o empreendimento exige todo o cabeamento, a construção de subestações e serviços avançados de interligação em cada um dos seis países, existe grande potencial de negócios tanto para empresas regionais quanto internacionais, que poderão conseguir participação nos contratos. O resultado da primeira fase de licitação será anunciado em setembro deste ano.
Uma das companhias que estão fazendo propostas para participar dos contratos é a ABB, empresa especialista em tecnologia de automação e energia com sede em Zurique, na Suíça. O faturamento da companhia com negócios nos Emirados Árabes Unidos devem passar dos US$ 150 milhões este ano. A ABB esteve envolvida em uma série de projetos, como a construção a um custo de US$ 30 milhões de subestações em empreendimentos como o Palm Jumeirah, ilha artificial em formato de palmeira em Dubai.
"O Oriente Médio e o Norte da África são um dos maiores mercados do mundo para produtos e serviços relacionados a energia", disse Sarah Woodbridge, diretora de exposição da Middle East Electricity Exhibition, feira do setor que acontece anualmente em Dubai. "O crescimento da indústria aqui ultrapassa os níveis globais. O Irã (que não é um país árabe, mas fica no Oriente Médio), por exemplo, aumentou sua produção de energia em 53% ao longo dos últimos oito anos. Muitas empresas internacionais estão, portanto, estabelecendo e expandindo sua presença regional para competir pelos grandes contratos que são anunciados aqui regularmente", acrescentou.
Outros projetos
A ABB é um exemplo típico. "Com a região do Oriente Médio e Norte da África representando 30% (US$ 1,5 bilhão) do faturamento global do grupo, Dubai se tornou um pólo de negócios para a região", disse Naji Jreijiri, chefe de produtos de automação da ABB. "Nós investimos US$ 3 milhões na reforma de nossas instalações em Dubai, que agora contam com uma oficina de 7 mil metros quadrados e 2,5 mil metros quadrados de escritórios, tornando-se a base central dos nossos 300 funcionários nos Emirados", contou Jreijiri.
Uma onda de novos empreendimentos está estimulando o crescimento da demanda por energia. Entre eles está o bairro "Green City" (ou "Cidade Verde") no Bahrein, projeto de US$ 225 milhões desenvolvido com orientação ecológica, que terá suas próprias usinas de energia e dessalinização da água do mar usando energia solar, além de uma estação de tratamento de água e uma rede de esgoto que vão funcionar com uma tecnologia que utiliza ar comprimido e sucção.
Energia solar, eólica e hidráulica, junto com o gás natural, também estão sendo seriamente consideradas como fontes alternativas de energia que podem gerar renda na Arábia Saudita, com o gás natural no topo da lista de eventuais substitutos do petróleo.
"O crescimento exponencial na demanda por energia em toda a região significa que os governos estão realmente comprometidos em desenvolver a infra-estrutura", disse Sarah Woodbridge . "Isso se reflete em toda a cadeia do setor, com alguns de seus segmentos passando por uma alta inédita na demanda", acrescentou. A empresa de cabos de Dubai, Ducab (Dubai Cable Company), por exemplo, abriu uma nova fábrica em Abu Dhabi, ampliando sua capacidade produtiva em 60%, e espera atingir um faturamento de US$ 543 milhões em 2010.
*Tradução de Silvia Lindsey