Geovana Pagel
São Paulo – A menos de uma semana do início da reunião de Cúpula América do Sul-Países Árabes, Brasília se prepara para receber os mais de dois mil participantes que devem injetar cerca US$ 1,8 milhão na economia da cidade. Hotéis, restaurantes, bares, casas noturnas, transporte, comércio e serviços em geral são os setores que devem registrar maior faturamento.
Além da conferência de chefes de estados, que vai ocorrer nos dias 10 e 11 de maio, será realizado, paralelamente, um seminário empresarial e uma feira de investimentos, de 9 a 11 de maio. Também acontecerão eventos culturais, como mostras de cinema, fotografia e música, a partir do dia 6 de maio. "Tem muita gente chegando em Brasília hoje", afirma Weber de Oliveira Mesquita, diretor regional da Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (Abla).
Segundo ele, a cidade possui mais de 100 locadoras de automóveis, com uma frota de cerca de 12 mil veículos. Porém, o número de carros executivos e blindados não foi suficiente para atender a demanda do evento. "Tivemos que locar veículos de Goiânia, São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro", conta Mesquita. "Já temos 28 delegações confirmadas, com uma média de 15 veículos cada uma, fora as delegações nacionais dos ministérios", diz ele.
A rede hoteleira é um dos setores que mais será beneficiado pelo evento. De acordo com as informações do Sindicato dos Hotéis, Restaurantes, Bares e similares de Brasília (Sindhobar), a média anual de ocupação dos 300 hotéis e similares da cidade é de 65%. Durante a reunião, os principais hotéis estarão totalmente lotados."Esperamos um crescimento médio de 60% no movimento dos bares e restaurantes. Sendo que, alguns restaurantes devem chegar a 100%", afirma Mesquita.
Treinamento especial
Entre as ações realizadas para receber melhor as comitivas árabes, o destaque é para o treinamento de funcionários da rede hoteleira por consultores especializados em países árabes.O Ministério do Turismo solicitou também que os hotéis troquem as bebidas alcoólicas dos frigobares por chá preto com hortelã. As carnes serão preparadas de acordo com as exigências islâmicas, como o abate halal dos animais.
Também haverá sinalizações nos quartos indicando a direção de Meca e serão divulgados os horários das rezas na mesquita da cidade. O Ministério solicitou também aos hotéis a inscrição de alguns avisos em árabe, um tapete limpo para ser usado em rezas coletivas, a instalação de um canal TV árabe a cabo e um exemplar do Alcorão.
"O Ministério do Turismo e o Itamaraty fizeram um trabalho fundamental. Este treinamento foi muito importante porque existem muitos detalhes da cultura árabe que a gente desconhece", afirma Cesar Gonçalves, presidente do Sindhobar. "Queremos que estes visitantes saiam com uma impressão de excelência nos nossos serviços", garante.
Mais de 80 intérpretes
A reunião de cúpula terá interpretação simultânea para português, espanhol, inglês, francês e árabe. A feira de investimentos – com estandes de empresários árabes e latinos – e o centro de serviços com salas para encontros individuais também terão intérpretes para auxiliar os participantes.
De acordo com informações da Associação Profissional de Intérpretes de Conferência (APIC), mais de 80 intérpretes já foram contratados para trabalhar no encontro.
A intérprete Maria Teresa Lindsey, 58 anos de idade e 30 de profissão, é uma das integrantes da equipe contratada para o evento.Teresa irá trabalhar durante os dias 9, 10 e 11 de maio, na cabine do idioma inglês. "Nosso trabalho é sempre muito emocionante, principalmente quando se trata de um evento importantes como este, onde acordos políticos poderão ser assinados", afirma.
Segundo ela, um dos segredos da profissão, que exige sigilo absoluto, é gostar muito do que faz e também de estudar e se aperfeiçoar constantemente. "É preciso muita dedicação e concentração", explica.