São Paulo – A cidade de Santos é famosa por ter revelado dois craques dos campos de futebol: Pelé e Neymar. Também é famosa por ter o principal porto da América Latina, pelo qual passa boa parte das receitas brasileiras. Mas Santos vai além e se apresenta ao visitante como uma cidade rica em história, dona de belas paisagens e repleta de restaurantes que homenageiam a boa gastronomia. Tudo isso, a menos de 70 quilômetros de São Paulo.
Um passeio pela cidade pode começar na Praia do José Menino, ao lado da cidade vizinha, São Vicente. Lá, o Parque Municipal Roberto Mário Santini é reduto de skatistas, ciclistas, turistas e….surfistas! O mar de Santos é mais calmo do que o de cidades vizinhas, mas é nesse ponto que as ondas são mais altas e os surfistas, mais frequentes. Quer surfar? Vá pra lá! É nesse parque também que fica uma escultura da artista plástica Tomie Ohtake inaugurada em 2008. Boa opção para quem quer enfrentar as ondas ou para quem deseja apenas assistir ao duelo entre homem e onda.
Durante uma lenta caminhada ou entre pedaladas pela ciclovia dos jardins da orla da praia, o visitante encontra artesanatos em uma feirinha típica, na Praia do Boqueirão, e, pouco à frente, na Praia de Aparecida, conhece a Basílica Menor de Santo Antonio do Embaré. A igreja atual foi construída em 1945 no lugar de uma capela erguida em 1875 pelo Conde de Embaré. Esta construção foi feita em estilo neogótico e se destaca pelo pé direito elevado, de 18 metros, e pelos afrescos do artista plástico Pedro Gentili executados em 1946.
Pouco antes da ponta da praia, o aquário municipal apresenta pinguins, tartarugas, peixes de água doce e salgada, tubarões e até um leão marinho. Perto dele fica o Museu da Pesca, que exibe um esqueleto de baleia de 23 metros de comprimento. Já o Museu do Mar guarda uma grande coleção de conchas, um esqueleto de tubarão baleia de seis metros de comprimento e um tubarão-anão adulto, de apenas 24 centímetros.
Perto desses museus e do aquário, já na ponta da praia é possível observar o pôr-do-sol. Quem não se contenta apenas em observar tem outras opções: se juntar aos pescadores que todos os finais de tarde procuram por robalos e baiacus no deck dos pescadores, passear de escuna pelo mar ou visitar a Praia do Góes. Para chegar lá, é preciso entrar em um barco na Ponte dos Práticos, perto do deck dos pescadores, e atravessar o canal do Porto.
Além da bela vista da orla de Santos, a Praia do Góes, que fica no Guarujá, guarda a Fortaleza Santo Amaro da Barra Grande, construída em 1584. A fortaleze era usada para proteger o litoral de ataques. Ainda hoje, canhões utilizados para combater os inimigos estão expostos lá.
Santos do Brasil
Santos teve destaque na história do Brasil. O território onde hoje fica a cidade começou a ser ocupado em 1534, depois da fundação de São Vicente, a primeira cidade do Brasil, por Martim Afonso de Souza. Em 1540, o bandeirante Brás Cubas começou a plantar alimentos básicos em Santos. Ele também transferiu o Porto da ponta da praia para o Centro do povoado. Em 1867 o Porto de Santos já era utilizado para exportar o café produzido no País. Naquele ano, o empresário Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá, inaugurou a The São Paulo Railway & Co. para escoar a produção de café entre o interior e Santos.
Exportações e produção em alta levaram o Porto de Santos a se tornar, no começo do século 20, a principal porta de entrada de imigrantes estrangeiros que viam no Brasil e nos Estados Unidos terras de oportunidade. Os imigrantes, a maioria Italianos, vinham trabalhar nas plantações de café e chegavam ao País por ali.
Tamanha importância no ciclo do café deu a Santos até uma bolsa de valores utilizada apenas para o comércio do produto: a Bolsa do Café de Santos, que hoje é aberta ao público e integra o Museu do Café. Ela foi construída em estilo eclético – que mistura outros desenhos arquitetônicos – e se destaca pelos vitrais coloridos, pelas colunas de mármore e cobertura de cobre, elementos que representavam a riqueza trazida pelo café quando a bolsa foi inaugurada, em 1922.
Atualmente, o prédio da Bolsa do Café mistura história e sabor. A história é narrada em exposições históricas e temporárias e também durante a visita pelo prédio. Já o sabor….bem, o sabor vem dos "espressos" feitos na cafeteria do Museu do Café, com grãos plantados no cerrado mineiro, no Sul de Minas, sobre vulcões, em São Paulo ou no Rio de Janeiro. Algumas opções, porém, variam sempre. Entre um café e outro, não estranhe se você ouvir outros idiomas e dividir o balcão com um estrangeiro. Afinal, o terminal de passageiros dos cruzeiros que chegam ao Porto de Santos fica ali pertinho.
O passeio histórico não acaba no Museu do Café. Apenas começa nele e continua pelo Centro, onde algumas ruas ainda são de paralelepípedos. Cinco bondes partem em horários determinados da Praça Mauá e percorrem cerca de 40 pontos turísticos em uma distância de cinco quilômetros. Guias turísticos mostram o marco da fundação da cidade, o Outeiro de Santa Catarina, onde foi construída a Capela de Santa Catarina de Alexandria em 1543. O bonde também para no Palácio Saturnino de Brito, de onde é possível subir ao Complexo Turístico Monte Serrat e ver Santos do alto.
Terra de futebol
Santos não narra parte da história do Brasil apenas por meio de monumentos, prédios históricos, praias e museus. A cidade também guarda dois tesouros do futebol nacional: a Vila Belmiro e o Memorial das Conquistas, do time do Santos. Não só os torcedores do Peixe peregrinam à cidade em busca das glórias do time. Afinal, um clube que teve Pelé e um estádio que tantas vezes foi palco de seus espetáculos não pertence apenas aos seus torcedores.
Há visitas monitoradas pelo memorial do clube, que guarda troféus, camisas, bolas de jogos históricos (nem todos do time da casa), fotos, documentos, uniformes de jogos além de um acervo especial com objetos que foram utilizados pelo Rei. No Memorial também há monitores que exibem imagens de jogos, gols e jogadas inesquecíveis.
Tantos passeios podem dar fome. E Santos não decepciona os amantes do bom prato. Há inúmeros restaurantes de frutos do mar, bares especializados em fazer bolinho de bacalhau, ótimas pizzarias e padarias convidativas….mas há também restaurantes especializados em comida árabe e em fazer crepes. E há, claro, endereços onde se prova ótimos cafés. Afinal, a cidade que apresentou o grão ao mundo não pode decepcionar quem adora um "espresso".
Serviço
Parque Municipal Roberto Mário Santini – Avenida Presidente Wilson, em frente ao nº 169, José Menino. Tel. (13) 3288-4404.
Feira de Artesanato – Jardim da Praia (em frente à Avenida Conselheiro Nébias). Sábados e feriados, das 14h às 23h. Informações (13) 3219-2510.
Basílica Menor de Santo Antonio do Embaré – Avenida Bartolomeu de Gusmão, 32, Aparecida. Tel.: (13) 3227-5977. Segunda a sexta-feira, das 7h às 20h. Sábados e domingos, das 8h às 21h.
Aquário Municipal – Praça Luiz La Scala, s/nº, Ponta da Praia. Tel.: (13) 3236-9996. Terça a sexta-feira, das 9h às 19h. Sábados, domingos e feriados, das 9h às 20h. R$ 5.
Museu da Pesca – Avenida Bartolomeu de Gusmão, 192, Ponta da Praia. Tel.: (13) 3261-5260. Quarta-feira a domingo, das 10h às 18h. R$ 2.
Museu do Mar – República do Equador, 81, Ponta da Praia. Tel.: (13) 3261-4808. Diariamente, das 9h às 18h. R$ 10.
Fortaleza Santo Amaro da Barra Grande – barcos partem da Ponte Edgard Perdigão, Ponta da Praia. Tel.: (13) 3228-1240, ramal 1240.
Passeio de escuna – Embarque na Ponte Edgard Perdigão, Ponta da Praia. R$ 20 a R$ 30, roteiros de 1h30 a 3h45.
Museu do Café – Rua XV de Novembro, 95, Centro. Tel.: (13) 3213-1750. De terça-feira à sábado, das 9h às 17h; dom. das 10h às 17h. R$ 5 (o acesso à cafeteria é gratuito).
Passeio de Bonde – De terça a domingo, das 11h às 17h. Embarque na estação Buck Jones, Praça Mauá, s/nº. Tel.: (13) 3201-8000 ou 0800-173887. R$ 5.
Memorial das Conquistas e Vila Belmiro – Terça a domingo e feriados, das 9h às 19h. Rua Princesa Isabel, 77, Vila Belmiro. Informações no tel.: (13) 3225-7989. Visita monitorada, R$ 10; visita simples, R$ 3.