Isaura Daniel
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São Paulo – Os shopping centers brasileiros estão se tornando cada vez mais atrativos para os investidores estrangeiros. De acordo com estimativas da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), nos últimos três anos o capital externo que chegou ao país para ser aplicado no segmento alcançou R$ 7,5 bilhões. O dinheiro veio por meio da compra de ações de ofertas iniciais (IPOs) e da associação de estrangeiros a empresas nacionais que atuam na área. O presidente da Abrasce, Marcelo Carvalho, afirma que o interesse internacional pelo segmento no Brasil se acentuou em 2006 e 2007.
Até 2005 eram apenas duas as companhias estrangeiras que investiam em shopping centers do Brasil, afirma Carvalho. De lá para cá chegaram mais sete. Entre os grupos estrangeiros que hoje atuam nesta área no Brasil estão o General Growth Properties (GGP), grupo norte-americano que se juntou à brasileira Nacional Iguatemi, controladora e administradora de shoppings, a empresa imobiliária canadense Cadillac Fairview, que adquiriu parte das ações da Multiplan, e a norte-americana Developers Diversified Realty, que se associou ao Sonae Sierra. O grupo Sonae é português, mas já tem longa atuação no Brasil.
Carvalho explica que as regiões do mundo com maior participação em shoppings do Brasil são Canadá, Estados Unidos e Europa, e os que os investidores são principalmente os grandes players mundiais. Segundo o presidente da Abrasce, já foi levantado recurso árabe para investimento no segmento no país, mas os valores ainda são bastante pequenos. “Acredito que os players árabes (do setor) estão muito envolvidos no desenvolvimento da região deles e por isso ainda não olharam para outras regiões do mundo”, afirma Carvalho.
Economia atrativa
O que tem chamado a atenção dos estrangeiros para os grandes centros de compras do Brasil, segundo o diretor de Relações com o Mercado da Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop), Luis Augusto Idelfonso da Silva, é o crescimento consistente do varejo de shoppings no Brasil e a economia brasileira. “Balizada em alicerces bons”, explica Silva. O aumento de renda da população mais pobre, ocasionada, entre outros fatores, pelos programas de distribuição de renda do governo também colaborou para aumentar o consumo e impulsionar o segmento de shoppings no Brasil, afirma Silva.
Para Carvalho, da Abrasce, a vinda dos estrangeiros é também resultado do momento do mercado mundial. “Nos países desenvolvidos já há uma saturação de mercado. Os players, então, foram para o mundo e encontraram no Brasil empreendimentos sofisticados e uma indústria madura”, afirma. Ele lembra, assim como Silva, que a macroeconomia nacional colaborou para o movimento. “A estabilidade, o controle de gastos tornaram o Brasil mais atrativo para os investidores”, afirma Carvalho.
Setor gordo
Dados da Alshop mostram a abertura de 22 shopping centers no Brasil apenas no ano passado. Eles passaram de 622 unidades para 644. Em função destes novos empreendimentos, foram abertas 3.497 lojas de shoppings. O faturamento nominal do segmento passou de US$ 60,3 bilhões, em 2006, para US$ 68,4 bilhões no ano passado. A previsão da Alshop para 2008, segundo Silva, é de que os shoppings faturem US$ 74,7 bilhões. Ou seja, haverá um crescimento de 9,2%. Ao final do ano passado, os shoppings do Brasil empregavam 868 mil pessoas.