Ramallah – Sob aplausos de palestinos e brasileiros de origem palestina, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva inaugurou nesta quarta-feira (17) pela manhã a Rua Brasil, em Ramallah, na Cisjordânia, logo em frente ao mausoléu do líder Yasser Arafat e à Muqata, sede do governo local.
A cerimônia foi marcada pela forte presença de brasileiros de origem palestina que vivem na Cisjordânia e palestinos que imigraram ao Brasil e depois retornaram ao seu país de origem. As pessoas agitavam bandeiras do Brasil e seguravam cartazes de saudação ao presidente. Ele foi recebido com gritos de "Viva Lula, viva o Brasil!"
"Tem muito brasileiro aqui [na Palestina]", observou Dona Ciça, que jovem foi viver em Foz do Iguaçu, no Paraná, e retornou à Cisjordânia há cerca de dois anos. Ela estava acompanhada da nora e da filha Magda, nascida no Brasil, que hoje trabalha na embaixada da Argentina.
"Cada cidade aqui tem um brasileiro", observou Mohammed, que aos quinze anos foi morar no estado de Rondônia. Ele continua a viver no Brasil, mas está na Cisjordânia para visitar os parentes.
Boa parte dos presentes, porém, era do Rio Grande do Sul, sendo que muitos são torcedores do Internacional de Porto Alegre, embora algumas vozes gremistas dissonantes tenham se manifestado de maneira veemente quando a reportagem da ANBA tocou no tema futebol.
Ao lado do primeiro-ministro da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Salam Fayyad, e da prefeita de Ramallah, Janette Mikhael, Lula disse que o nome da rua “sinaliza o carinho que o povo palestino tem pelo Brasil”. A rua em si já existia, mas não tinha um nome específico, era conhecida genericamente como “região da Muqata”.
“Primeiro vem a rua, depois podem vir os brasileiros e um investimento do Brasil. Essa rua pode significar um ponto encontro entre os povos da Palestina e do Brasil”, afirmou o presidente.
“Da forma que o senhor foi recebido aqui e aplaudido, e nem todas as pessoas sabem o português, significa que o presidente Lula fala uma língua internacional. Todos entendem a língua do Brasil”, declarou Fayyad.
Muitos dos cartazes agradeciam o apoio de Lula ao processo de paz entre israelenses e palestinos e à criação do Estado Palestino. O presidente reiterou que o Brasil sempre defendeu a paz no Oriente Médio, “mas nunca esteve tão empenhado como agora a ajudar a conquistar a paz”.
“O toque final está nas mãos das autoridades palestinas e israelenses, mas o Brasil fará tudo ao seu alcance para que a gente possa construir esse acordo de paz”, disse Lula. “[A primeira dama] Marisa [Letícia] e eu, em nome do povo brasileiro, nos sentimos profundamente agradecidos e emocionados pela homenagem ao Brasil”, acrescentou.
“Com o apoio de Vossa Excelência (Lula) e outros amigos, chegaremos lá (à paz). Quando isso se realizar, daremos o nome de uma rua em Jerusalém, nossa capital, de Brasil”, concluiu Fayyad. Os palestinos querem fazer de Jerusalém Oriental, hoje sob domínio israelense, sua capital.
Após a inauguração, Lula, usando um tradicional lenço árabe quadriculado, símbolo dos palestinos, depositou flores no túmulo de Arafat.