Cláudia Abreu
São Paulo – Os tamancos e sandálias da marca brasileira Bottero, do Rio Grande do Sul, estão conquistando consumidores no mundo árabe. No ano passado, a empresa exportou o equivalente a US$ 150 mil. Os principais compradores foram os Emirados Árabes Unidos, a Arábia Saudita e o Kuwait. Somadas, as vendas aos países árabes representam 10% do total exportado pela Bottero. Este ano, a indústria espera repetir os números de 2004, segundo Charles André Werb, gerente de exportações da fábrica.
As primeiras vendas aos árabes foram feitas em 2003, após a participação em algumas feiras internacionais, na Europa. "Fizemos contato, apresentamos os produtos e logo surgiram as oportunidades de negócios", afirma Werb. Os modelos mais procurados são da linha verão, por causa do clima quente da região. "As sandálias abertas e os tamancos são muito bem aceitos", afirma. As consumidoras, em geral, são mulheres jovens, o mesmo público da Bottero no Brasil.
Segundo o executivo, a empresa está apostando no mercado árabe por algumas razões. "O primeiro fato é que o consumo per capita de calçados é elevado lá (cerca de 5,2 pares por ano, como na Europa Ocidental)", afirma. Outro fator importante diz respeito ao potencial de crescimento da economia dos países árabes. "Desde que começamos a trabalhar no mundo árabe, registramos, todos os anos, um aumento no volume de negócios", conta Werb.
A afinidade entre árabes e brasileiros também tem sido um facilitador nas negociações da empresa com os lojistas. "Existe uma relação muito cordial, amigável, o que nos oferece uma perspectiva de relacionamentos sólidos e de longo prazo com os comerciantes da região. Não queremos apenas vender grandes volumes, uma única vez. A intenção é cultivar uma relação comercial duradoura", afirma Werb.
Adaptação
Por enquanto, a empresa não fez nenhuma adaptação nos modelos exportados. Os calçados seguem as tendências internacionais, mas são inspirados na cultura brasileira. No entanto, a empresa respeita as regras islâmicas. Não exporta, por exemplo, sapatos feitos com couro de porco.
A Bottero emprega, atualmente, 1.350 funcionários divididos em quatro unidades, todas no Rio Grande do Sul. Duas em Parobé, uma Caraá e outra em Santo Antônio da Patrulha. A produção anual da companhia é de 3,6 milhões de pares. Cerca de 25% são destinados à exportação. Além dos países árabes, Estados Unidos, Chile e Inglaterra importam calçados da Bottero.
Setor
O Brasil é o terceiro maior produtor calçadista do mundo – atrás somente da China e da Índia. No ano passado as empresas nacionais fabricaram 700 milhões de pares de calçados. O mercado interno consumiu 500 milhões. As sandálias representam quase a metade desse número, segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados).