Isaura Daniel
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São Paulo – Era final dos anos 80. A cubana Teresa Morales tinha então um pouco mais de 30 anos. Ela era uma das estrelas que animava o transatlântico Ivan Franco, com turistas russos, que fazia um cruzeiro pelo mundo. Um belo dia, durante a viagem, o navio ancorou em território do Egito. Os egípcios vieram e ali, no palco do transatlântico, Teresa cantou para eles. Entoou sua rumba, suas guarachas, seus boleros, salsas, sua música folclórica afro-cubana. "Eles gostaram. Todo o público, mesmo que não entenda a letra, fica emocionado com esse tipo de música", conta. A cubana canta em espanhol.
Teresa nasceu em Cuba, mas vive, há cerca de oito anos, na capital mineira, em Belo Horizonte. E a sua carreira, que hoje se desenvolve no Brasil, tem história em vários países, entre eles Espanha, Etiópia, na própria Cuba e no Egito. Do país árabe, a cantora lembra, além da apresentação no navio, também de passeios feitos no deserto, na mesma oportunidade em que esteve lá em função do cruzeiro, de andar pelas ruas e ver, segundo ela, os egípcios, com seu "ar misterioso", caminhando. "Sempre gostei muito da cultura oriental, gosto de usar roupas de estilo oriental para sair à rua", diz.
O cruzeiro durou 45 dias e passou por regiões como o Mar Negro e Ilhas Canárias e ancorou, além do Egito, em outros países africanos como a Etiópia. Na época em que se apresentou no Egito a cantora participava de um grupo artístico cubano que fazia outras atividades, como o teatro, além da música. Teresa também interpretava. A cantora estudou letras, artes cênicas, música e canto em instituições cubanas. Se especializou em Lingüística. "Em Cuba se estuda muito", conta Teresa.
Teresa canta o estilo cubano-caribenho. A mudança para o Brasil, a cubana acredita que estava em seu caminho. Quando ela tinha seis anos, a sua mãe, uma cientista que já tinha viajado ao Brasil, a levou para ver o filme Orfeu Negro, que se passa no Rio de Janeiro. "Minha mãe falou: neste país você vai viver", conta Teresa. A história de Teresa seguiu com o aprendizado do canto ainda muito cedo – a mãe tocava piano e violão, instrumentos que ela também aprendeu. O pai de Teresa trabalhava para o governo cubano.
Aos 14 anos, Teresa teve um filho, do seu casamento com um europeu, de quem hoje é separada. Para estar mais perto deste filho, que vive em São Paulo, a cantora cubana acabou se mudando também para o Brasil. "Gosto do meu país. Cuba tem duas coisas muito importantes: educação e saúde. Em Cuba, o povo é muito alegre, se parece com o Brasil. Cuba e Brasil recebem muito bem os estrangeiros. Temos as mesmas origens: européia, africana e índia. O Brasil é a minha segunda pátria", diz ela. Teresa hoje faz shows com sua própria banda e também dá aulas de espanhol em Belo Horizonte.
Contato
Teresa Morales
Produtor: Gáudio Aurélio
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