Alexandre Rocha
São Paulo – Representantes de governos árabes e sul-americanos definiram na semana passada, durante reunião em Caracas, a agenda das próximas atividades de seguimento à Cúpula América do Sul-Países Árabes (Aspa), realizada em Brasília em 2005. Eles decidiram, por exemplo, que um encontro de ministros da área social das duas regiões vai ocorrer no próximo ano.
Os representantes recomendaram também a organização de uma reunião de ministros do Meio Ambiente em fevereiro de 2007, paralelamente à próxima Conferência do Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas, em Nairobi, capital do Quênia.
O comitê formado para acompanhar a cooperação na área cultural vai se reunir até o final de 2006 e dele farão parte representantes da Argélia, Argentina, Brasil, Marrocos, Venezuela e da Liga Árabe. O comitê da área econômica também terá sua primeira reunião antes do fim do ano e vai contar com membros da Argentina, Bolívia, Brasil, Equador, Peru, Venezuela, Argélia, Egito, Iraque, Kuwait, Marrocos, Omã, Catar, Palestina, Arábia Saudita e Sudão.
Ainda na área cultural, representantes das bibliotecas nacionais da Argélia e do Brasil e da Biblioteca Ayacucho, da Venezuela, decidiram publicar até o final deste ano uma versão trilingüe do livro "O deleite do espantoso em tudo que é maravilhoso", escrito no século 19 pelo árabe Iman Al-Baghdadi e traduzido para o português por Paulo Farah, professor de árabe da Universidade de São Paulo (USP).
No setor econômico, os representantes do Marrocos propuseram que o próximo encontro de ministros da Economia ocorra em Rabat, capital do país árabe, entre abril e maio de 2007.
De acordo com Ânuar Nahes, diplomata responsável no Itamaraty pelas atividades de seguimento à cúpula, o grande ganho da reunião em Caracas foi a facilidade com que as decisões foram tomadas, o que mostra que já existe um bom entrosamento entre as partes. "A ponte política foi criada. Nós, por exemplo, já sabemos o que interessa aos árabes, e eles sabem quais são nossas limitações", declarou.
Segundo ele, a fixação de uma agenda mais rígida de compromissos vai desaguar em atividades concretas. O próximo encontro de representantes dos governos dos dois blocos, semelhante ao de Caracas, vai ocorrer em seis meses.