Geovana Pagel
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São Paulo – A diversificação de produtos sustentáveis da floresta é uma das alternativas que a Cooperativa dos Extrativistas das Florestas de Rondônia (Coopflora) encontrou para ajudar na geração de emprego e renda às famílias locais. Os 45 cooperados dos municípios de Machadinho do Oeste e Vale do Anari produzem o "tecido da floresta", um produto derivado do látex extraído da seringueira. Eles o transformam em bolsas e acessórios. As peças já são vendidas em vários estados brasileiros – São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Paraná -, e devem chegar ao mercado externo em 2008.
"Alguns de nossos clientes já mandaram amostras para a Europa. Esperamos fechar a primeira exportação já no começo do ano", conta o presidente da Coopflora, Erni Santos Lima. Segundo ele, a cooperativa existe há três anos e o projeto de melhoria das condições de vida dos seringueiros está inserido na metodologia da Gestão Estratégica Orientada para Resultados (Geor) do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
"Para desenvolver o tecido, o Sebrae trouxe químicos para ajudar a suavizar o cheiro forte da borracha. Também foi feita uma pesquisa de aceitação de mercado, estruturação de um galpão e aquisição de máquinas de costura", conta. De acordo com Lima, a técnica de produção do "tecido da floresta" foi criada pelos próprios seringueiros.
O processo começa com a coleta do látex da seringueira nativa. Após receber um tratamento, esse látex é aplicado em cima de uma base de tecido preparado e estendido em um bastidor. Em seguida, é vulcanizado por meio de defumação. A manta que surge fica exposta ao sol para "curar" por quarenta dias. Só então é classificada e transformada em bolsas e acessórios. A criação é coletiva e os ex-seringueiros, agora artesãos, usam linhas coloridas e sementes amazônicas para ornamentar as peças.
A capacitação dos seringueiros é feita pelos próprios integrantes do grupo. "Quando um descobre uma nova técnica repassa aos outros. É feita de forma solidária, ou seja, a cada novo seringueiro que entra para o projeto, um associado vai até a sua colocação (lugar onde o seringueiro mora e trabalha) e fica uma semana transmitindo os conhecimentos", conta o presidente.
Os resultados do trabalho, segundo Lima, são bastante animadores. "A transformação que está ocorrendo na vida desses seringueiros é muito grande. Alguns conseguiram aumentar sua renda em 100%. Em média, eles ganham R$ 500 por mês com as bolsas", destaca.
Em outubro desse ano, a Coopflora participou da Biofach América Latina, a maior feira de orgânicos do Brasil, realizada em São Paulo. As bolsas também foram entregues como presente para a Presidência da República. Agora, a cooperativa procura empresas que queiram desenvolver produtos com o tecido. Os interessados podem entrar em contato pelo e-mail coopflora@gmail.com.