Alexandre Rocha
São Paulo – O embaixador do Brasil em Riad, Isnard Penha Brasil Júnior, fez uma avaliação positiva da missão econômica que esteve na Arábia Saudita entre sábado e ontem (13). Representantes do governo e do setor privado foram ao país para divulgar o mercado brasileiro de capitais. "Eles demonstraram muito interesse pelo Brasil, foi uma espécie de segundo descobrimento", disse o diplomata por telefone à ANBA.
A idéia era mostrar o Brasil como um destino viável para os investimentos sauditas e, segundo ele, o objetivo foi atingido. De acordo com Isnard, a visita dos brasileiros foi até notícia na imprensa local, que veiculou matérias elogiosas à capacidade técnica do Brasil, apontando o país como alternativa aos investidores.
Isnard lembrou que a Arábia Saudita tem a maior economia entre os países árabes, assim como o Brasil entre as nações sul-americanas, o que se reflete em seus respectivos mercados de capitais. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), por exemplo, é a maior da América Latina. "Faz sentido, então, haver uma ligação direta entre essas duas economias", disse o embaixador.
E não foi só o mercado de capitais que chamou a atenção. De acordo com o diplomata, durante reunião com os brasileiros, o príncipe Waleed Bin Talal, dono do Grupo Bin Talal, um dos maiores conglomerados empresariais do país, declarou ter interesse em setores como agroindústria, petroquímica e de bens da capital.
"Ele se mostrou interessado em investir e receber investimentos", afirmou Isnard. Para o embaixador, uma relação econômica duradoura precisa de "investimentos cruzados", ou seja, um fluxo de capitais de duas mãos.
Durante a missão, de acordo com o embaixador, foi verificado também que existe mercado na Arábia Saudita para softwares destinados ao sistema financeiro, o que Brasil produz; a possibilidade de parcerias em projetos agrícolas em terceiros países, utilizando know-how brasileiro e capital saudita; e oportunidades para os bancos islâmicos no mercado mundial de commodities, muitas das quais produzidas no Brasil em grande quantidade, como açúcar, café, soja, suco de laranja e minério de ferro.
Participaram da missão representantes da Comissão de Valores Mobiliários, do Tesouro Nacional, da Associação Nacional das Instituições do Mercado Aberto (Andima) e outras entidades ligadas ao mercado de capitais. Eles visitaram instituições como Agência Monetária da Arábia Saudita (SAMA), que é o banco central do país; a Autoridade do Mercado de Capitais (CMA); o Conselho das Câmaras de Comércio e Indústria da Arábia Saudita e a Câmara de Comércio e Indústria de Riad (RCCI); a Sagia, agência de promoção de investimentos do país; e o banco Samba.