Marina Sarruf
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São Paulo – Empresas brasileiras fabricantes de maquinários e ferramentas agrícolas vêem oportunidades de exportar para a maior indústria de açúcar do Sudão, a Kenana Sugar Company. Representantes da empresa sudanesa estiveram ontem (09) na Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), onde tiveram a oportunidade de conversar com algumas companhias brasileiras.
"Temos muito interesse em entrar no mercado árabe. Fizemos uma venda para o Sudão este ano e queremos conhecer melhor as necessidades do país neste setor", afirmou o gerente de exportações da Jumil, fabricante de implementos agrícolas, Flávio Terezza Santos. Segundo ele, a Jumil está entre as quatro maiores empresas de implementos agrícolas do Brasil e já exporta para 30 países.
Santos deixou catálogos dos produtos da empresa com as representantes do departamento de marketing da Kenana, Hind Yousif Badr e Sara Salah Elkarib, que participaram do encontro junto com o diretor de projetos da indústria automotiva Giad, Wahab Hamed Abu Reesh, e o representante do Ministério de Minas e Energia do país árabe, Abdel Munin Gaafar.
Além da Jumil, outras empresas deixaram seus catálogos com os sudaneses, como a Civemasa, também fabricante de implementos agrícolas. "Temos total interesse em ter um distribuidor no Sudão, mas também seria um bom negócio começar a exportar direto para uma empresa do país árabe", disse o trader internacional da Civemasa, Sherbal Amaral de Almeida. De acordo com Almeida, a empresa ainda não exporta para os países árabes, mas já está presente em países da América Central, além de África do Sul, Zâmbia, Zimbábue e Nigéria. Do total da produção da companhia, cerca de 15% é destinado à exportação.
Segundo Amaral, a Civemasa também deverá receber uma delegação de engenheiros da Kenana na semana que vem. "Eles vão visitar a nossa indústria, que fica em Araras (interior de São Paulo)", disse. Outras empresas presentes no encontro com a delegação sudanesa eram a Bussola, fabricante de ferramentas agrícolas, e a Valley, de equipamentos para irrigação.
Na Abimaq, a delegação foi recebida pelo gerente de marketing internacional da entidade, Mauricio Buccini, pelo consultor de comércio exterior, Casemiro Bruno Taleikis, e pelo presidente da Câmara Setorial de Equipamentos de Irrigação, Marcelo Borges Lopes. Acompanhando a delegação, estavam o secretário-geral da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, Michel Alaby, e os representantes do departamento de desenvolvimento de mercado da entidade, Rodrigo Solano e Jean Gonçalves da Silva.
De acordo com Alaby, existem muitas oportunidades de negócios no Sudão e seria interessante que as empresas brasileiras formassem parcerias com as empresas sudanesas. "Uma boa oportunidade para avaliar o mercado é participar da Feira Internacional de Cartum", disse. Esse é um dos principais eventos de negócios que ocorrem na capital do país árabe.
Petrobras
O principal objetivo da vinda dos sudaneses ao Brasil é o interesse do país na produção brasileira de etanol. O Sudão deverá começar a produzir o combustível em junho de 2008, como parte de um programa nacional, e para isso a delegação está visitando algumas das principais empresas e associações brasileiras envolvidas na cadeia produtiva e de distribuição do etanol.
Ontem também os sudaneses visitaram o escritório da Petrobras em São Paulo, onde foram recebidos por Luthero Winter Moreira, do departamento de comercialização de álcool e oxigenados, que fez uma apresentação sobre a experiência da Petrobrás com o uso do álcool combustível e da mistura de etanol na gasolina.
De acordo com Hind Yousif Badr, da Kenana, após o Sudão começar a produzir etanol, o país também vai misturar álcool na gasolina, como já é feito no Brasil. Outro plano do Sudão também é passar a ter carros flex-fuel. Durante a apresentação de Moreira, os sudaneses viram que o Brasil começou a experimentar o uso do etanol como combustível já na década de 20, e que em 1979 o país já tinha uma produção em massa de carros a álcool. "Foi em 2000 que o Brasil começou a produzir carros flex-fuel e, para o futuro, queremos usar como combustível o hidrogênio renovável", afirmou Moreira.
Os sudaneses demonstraram muito interesse no processo de mistura do álcool na gasolina, nas leis adotadas no Brasil para o setor, no controle de qualidade do produto, no estabelecimento de preços, na divulgação do combustível, entre outros assuntos. "A apresentação foi muito esclarecedora", disse Sara Elkarib, também da Kenana.