São Paulo – A Câmara de Comércio Árabe Brasileira e a Fundação Biblioteca Nacional (FBN) irão assinar nos próximos meses um acordo de cooperação técnica (ACT) para colocar em prática projetos de difusão cultural, entre eles intercâmbio de documentos digitais e revisão e aperfeiçoamento dos processos e classificação de digitalização de documentos.
O acordo foi discutido nesta terça-feira (17) durante um encontro entre o presidente da Fundação Biblioteca Nacional, Marco Lucchesi, o presidente da Câmara Árabe, William Adib Dib Junior, e a vice-presidente de Marketing da instituição, Silvia Antibas. A reunião foi realizada na sede da Câmara Árabe, em São Paulo. Lucchesi estava acompanhado da professora do Centro Universitário Nove de Julho Ana Maria Haddad, e do poeta e tradutor romendo Dinu Flamand, que está no Brasil para o lançamento do livro de poesias “Homem com remo no ombro” (editora Patuá).
“A gente parte sempre do grande acervo da Biblioteca Nacional, que é uma espécie de microcosmo que traduz a pluralidade das vozes brasileiras. Seria impossível não visitar um órgão como a Câmara Árabe porque a Câmara Árabe realiza um trabalho que eu considero que uma das missões é a cultural. Neste ponto, tanto a Biblioteca Nacional como a Câmara Árabe têm uma importante convergência”, disse Lucchesi à ANBA após o encontro.
Os termos do acordo – que não envolve investimentos financeiros – ainda serão detalhados, mas poderão incluir a realização de pesquisas, o acesso ao acervo digital de jornais escritos em árabes ou em edições bilíngues português e árabe, além de outros documentos digitalizados do acervo da FBN, como mapas de navegação feitos pelos portugueses no século 16 que retratam a região do Golfo.
No sentido contrário, citou Lucchesi, a Fundação Biblioteca Nacional, que fica no Centro do Rio de Janeiro, poderia ter acesso às bibliotecas nacionais dos países árabes, sempre no intuito de promover o acesso a documentos. Silvia Antibas lembrou que a Câmara Árabe e a Universidade Saint Esprit de Kaslik (Usek), no Líbano, realizam, em parceria, o Projeto de Digitalização da Memória da Imigração Árabe no Brasil, por meio do qual descendentes brasileiros de imigrantes desses países ou instituições emprestam, para digitalização, documentos que possam contribuir para conservação e reconstituição da história da diáspora. Esse projeto, disse Silvia, poderia ser incluído no acordo de cooperação técnica.
De forma geral, disse a vice-presidente da Câmara Árabe, o objetivo é promover a circulação da cultura e do conhecimento, ampliar parcerias, trabalhar em rede e aumentar o alcance das ações da Câmara Árabe para além de São Paulo. Como parte destas iniciativas, disse ela, a instituição tem buscado parcerias na Bahia, Ceará, Piauí e Minas Gerais. “A ideia é sempre ter parceiros para a gente ter condições de trabalhar. No Rio de Janeiro, a Biblioteca Nacional é fundamental porque eles têm os registros como antiga capital do Brasil”, disse.
Leia mais:
As muitas pátrias de Marco Lucchesi
A Biblioteca dos brasileiros para o mundo