Isaura Daniel
São Paulo – A capital do Catar, Doha, vai sediar, no início de outubro, uma reunião do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (Fida), da qual o Brasil vai participar. Criado em 1978, o fundo funciona como um banco internacional de financiamento a projetos que tenham por objetivo reduzir a pobreza das zonas rurais.
O Brasil é um dos 164 integrantes do grupo que mantém o fundo. Neste número estão 20 nações árabes e os países do Mercosul. A reunião que vai ocorrer no Catar nos dias 1 e 2 servirá para discutir as contribuições financeiras ao organismo. A cada três anos, os países membros do Fida revêem e redefinem os seus aportes.
De acordo com o coordenador geral de Políticas com Organismos Financeiros Internacionais do Ministério do Planejamento, Benvindo Belluco, já ocorreram duas reuniões, em Roma, sede do Fida, em abril e julho, para tratar das contribuições. A terceira vai ocorrer no Catar, que, segundo Belluco, se ofereceu para receber o encontro, e a última acontecerá em Roma, durante o mês de dezembro.
Belluco afirma que a proposta inicial é que os novos aportes ao Fida somem US$ 800 milhões. A última contribuição feita rendeu US$ 400 milhões. O Brasil colaborou com US$ 8 milhões e é o país da América Latina que mais destina recursos ao fundo. Também é o segundo maior contribuinte entre as nações em desenvolvimento, atrás apenas da China. No último balanço divulgado, o fundo tinha um total de US$ 4,5 bilhões em capital.
O dinheiro é usado para o financiamento de projetos na área rural como construção de cisternas ou fomento a atividades que gerem renda. O Brasil, por exemplo, conseguiu aprovar, em dezembro do ano passado, um projeto de financiamento de US$ 47,39 milhões para a criação de três mil agroindústrias em cem municípios do Nordeste. O projeto foi aprovado, mas a liberação do dinheiro ainda não foi assinada.
A Argélia, que é país membro, obteve, também em dezembro, a aprovação da liberação de recursos de US$ 39,62 milhões para o desenvolvimento de comunidades agrícolas das regiões montanhosas. O dinheiro será usado num período de sete anos para infra-estrutura de irrigação, conservação do solo, gestão do ecossistema, melhoria de trilhas rurais, além de criação de microempreendimentos agrícolas.
Alguns países mais pobres recebem doações, em vez de financiamento. No caso de operação de crédito, a taxa de juros cobrada é a Libor, além de uma comissão que varia caso a caso e que normalmente fica entre 2,6% e 3% ao ano. Os prazos de pagamento também são negociados de acordo com o projeto e país de destino.
Na reunião do Catar serão discutidos a quantidade de dinheiro que cada país membro vai destinar ao fundo e os prazos de pagamento. Alguns países pagam a vista. O fundo é composto tanto por países em desenvolvimento como por nações ricas, como Estados Unidos, Canadá, Japão e França.
Menos pobreza
O Fida é um dos organismos internacionais comprometidos com as metas do milênio, estipuladas pela Organização das Nações Unidas (ONU) para reduzir pela metade a pobreza mundial entre 1990 e 2015. De acordo com informações do site da instituição, existem atualmente 900 milhões de pessoas pobres nas zonas rurais, cerca de três quartos do total da população pobre do mundo. O Fida elaborou seu plano estratégico, para o período de 2002 a 2006, com o objetivo de trabalhar pelas metas do milênio.