São Paulo – Uma conferência promovida nesta quarta-feira (30) na Cidade do Kuwait arrecadou quase US$ 1 bilhão em doações para os civis sírios atingidos pelo conflito que se aproxima de dois anos de duração no país. O encontro teve o apoio das Nações Unidas e contou com a participação de quase 60 nações, entre elas Japão, Tunísia, Irã, Líbano, Turquia, Coreia do Sul, Estados Unidos, China e nações europeias.
O Kuwait e os Emirados Árabes Unidos irão doar, cada um, US$ 300 milhões aos sírios. A Arábia Saudita também deverá enviar US$ 300 milhões. O Bahrein anunciou ajuda de US$ 20 milhões e a Alemanha informou que irá dar 10 milhões de euros, o equivalente a US$ 13 milhões. As Nações Unidas esperam que outros países façam doações até que se chegue ao US$ 1,5 bilhão pedido para atender as vítimas do conflito nos próximos seis meses.
De acordo com a ONU, o US$ 1,5 bilhão será utilizado para prover as necessidades básicas dos quatro milhões de sírios desabrigados em seu próprio e país para os 700 mil refugiados sírios que buscaram apoio na Jordânia, Iraque, Turquia e Líbano, entre outros.
A subsecretária-geral para assuntos humanitários e coordenadora da ajuda de emergência das Nações Unidas, Valerie Amos, afirmou que do total de doações, US$ 519 milhões serão utilizados para atender quatro prioridades do povo sírio no país: fornecer comida, água e remédios aos mais vulneráveis; ajudar as pessoas que deixaram suas casas e as comunidades que os acolheram; apoiar a reconstrução da infraestrutura; e evitar que os mais pobres cheguem à miséria total.
O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, que presidiu a conferência, reconheceu que cada país tem seus desafios financeiros, mas afirmou que não se pode economizar fundos quando se trata de poupar vidas e atender quem precisa de ajuda desesperadamente. Ele afirmou que a situação no país é catastrófica e piora a cada dia e sugeriu que a única solução para o conflito sírio é “política”.
“O derramamento de sangue e a miséria irão acabar somente quando houver uma solução política. Eu apelo para todos os lados, e particularmente ao governo sírio, que pare com a matança. Em nome da humanidade: pare com a violência”, disse Ki-moon.
O secretário-geral das Nações Unidas também se reuniu nesta quarta-feira com o rei da Jordânia, Abdullah II, e agradeceu o apoio do país aos refugiados sírios. A Jordânia tem recebido a maior parte das pessoas que deixam o país vizinho. Abdullah afirmou na conferência, contudo, que Amã não tem mais condições de atender aos refugiados. “Chegamos ao fim da nossa linha, esgotamos os nossos recursos”, disse.
O emir do Kuwait, Sabah Al-Ahmad Al-Sabah, reconheceu que a situação na Síria é grave e lamentou a falta de solução para o conflito, que já deixou cerca de 60 mil mortos, segundo as estimativas das Nações Unidas, desde que forças do governo de Bashar Al-Assad passaram a enfrentar os opositores, no começo de 2011.
“Lamentamos profundamente a falta de sucesso em todos os sinceros esforços e ideias e planos que, se aprovados, teriam interrompido o sofrimento e a dor do povo Sírio e a escalada deste terrível nível [de violência] que atualmente testemunhamos”, afirmou o emir, de acordo com informações da agência de notícias do Kuwait, Kuna.