Randa Achmawi
Cairo – Taxa de crescimento de 6,9% no Produto Interno Bruto (PIB), aumento de 56% nas exportações de produtos não-petrolíferos e desempenho industrial 7,2% melhor. Os números se referem à economia do Egito no ano passado e foram anunciados pelos jornais do país neste início de ano. Segundo artigos publicados no semanário especializado em economia Al-Ahram Iktissadi, esses dados devem ser minunciosamente analisados.
Segundo a publicação, essa foi a melhor taxa de crescimento registrada no Egito em 15 anos. A taxa de 2005 foi de 4,6%, 4,1% no ano de 2004 e de 3,2% nos dois anos anteriores. Mas segundo a revista, o país precisa de um crescimento mais sustentável. De acordo com Samir Radwane, diretor do Fórum de Estudos Econômicos, é necessário manter esse crescimento pelo menos por dez anos consecutivos para que a população sinta uma melhora em sua qualidade de vida.
Ele lembra que nos anos 1970 o Egito teve taxa de crescimento de 12%, mas ela foi acompanhada da propagação da pobreza já que esteve baseada na especulação e no crescimento de setores não produtivos.
No ano passado, por exemplo, entre os setores que contribuíram para o aumento da taxa de crescimento egípcia esteve o petrolífero, principalmente as exportações de gás natural. O segmento, segundo dados publicados pelo Banco Central do Egito, registrou um aumento de 20,8% nas receitas em relação ao ano anterior. Mas esse desempenho esteve atrelado ao aumento dos preços do petróleo.
"Um fator sobre o qual o governo não deveria se apoiar para o desenvolvimento a longo prazo", alerta o economista Ibrahim El Essawi. "Estamos exportando uma fonte de energia esgotável. Algumas estimativas prevêem que o petróleo pode se esgotar no Egito dentro de dez anos e que o mesmo ocorrera com o gás natural dentro de trinta anos", explica Ibrahim El Essawi.
Alguns membros do próprio governo não aprovam a exportação de gás natural em grandes quantidades. O ministro do Investimento, Mahmud Mohieldinne, já pediu para que essa medida seja revista. O Egito, porém, assinou vários contratos de exportação de gás natural a longo prazo.
Um outro setor que demonstrou um crescimento notável foi o da construção civil, com um crescimento de 14%. "Não se pode obter um verdadeiro crescimento baseando-se na construção de residências de luxo, hotéis ou balneários", afirma El Essawi. O país precisa, segundo a revista, avançar na produção industrial para ter uma base de crescimento sustentável. O ponto positivo da economia em 2006, segundo El Essawi, foi o crescimento de setores como o agroalimentar e o têxtil.