São Paulo – O Egito vem crescendo como fornecedor de vidro e seus produtos ao mercado brasileiro, ocupando no ano passado a quarta posição entre os países que mais exportaram ao Brasil no segmento. Dados compilados junto ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) do Brasil mostram que a nação árabe galgou seis posições no ranking dos maiores vendedores estrangeiros de vidros e suas obras aos brasileiros, já que em 2023 ocupava a 10ª colocação.
Em 2024, os egípcios faturaram US$ 37,9 milhões em exportações dos produtos ao Brasil, com crescimento de 105% sobre o ano anterior, quando os embarques somavam US$ 18,4 milhões. A maior parte das vendas foi de objetos para serviços de mesa e cozinha, copos de vidro, chapas e folhas, mechas de vidro, copos de cristal de chumbo, garrafões, mantas de fibra de vidro e objetos de vidro para toucador e escritório.
“O Egito tem uma indústria de vidro muito próspera”, afirma Michael Gamal, diretor do Escritório da Câmara de Comércio Árabe Brasileira no Cairo. Gamal explica que o país mantém o artesanato de vidro, voltado principalmente a peças de antiguidade e ao mercado interno, mas que a maior parte do setor vidreiro egípcio é formado pela indústria de vidro que vem crescendo na exportação e que produz utensílios de mesa, vidro voltado ao setor automotivo e vidro destinado para a construção e materiais de construção.
O Egito deu um salto muito grande nas exportações de vidro
Michael Gamal
“O Egito deu um salto muito grande nas exportações de vidro. Em 2024, nós, egípcios, exportamos para o mundo mais de US$ 400 milhões, que são cerca de 18 bilhões de libras egípcias”, afirma Gamal. De acordo com dados fornecidos à ANBA pelo diretor, os principais mercados no exterior para o vidro egípcio são Turquia, Estados Unidos, Marrocos, Espanha, Holanda, Arábia Saudita, Itália, Líbano e Brasil.
Gamal explica que o Egito tem vantagens na produção de vidros. “Temos disponibilidade e quantidades muito grandes de areia branca, a matéria-prima do vidro”, afirma. Ele cita ainda o preço competitivo da energia no país e o custo barato da mão de obra local, o que, segundo ele, deixam o preço final do produto muito baixo. “Além disso, com a maior parte dos mercados para os quais exportamos temos acordos de livre comércio, ou seja, estamos exportando nosso produto sem tarifa para esses países”, diz Gamal.
Missão egípcia
Para que os egípcios explorem o mercado brasileiro, o diretor afirma que a Câmara Árabe vai desenvolver um trabalho focado no setor, especialmente voltado a produtos de mesa e automotivos. Também é avaliada a realização de missão da indústria egípcia ao Brasil, em uma ação com o Conselho Egípcio de Exportação de Materiais de Construção e a Câmara da Indústria de Materiais de Construção do país.
No ano passado, o Brasil importou US$ 823,7 milhões em vidros e seus produtos. O dado se refere ao capítulo Vidro e Suas Obras, do sistema Comex Stat do Mdic, que inclui desde fibras e chapas de vidro até espelhos retrovisores e utensílios. Os três principais fornecedores foram China, México e Estados Unidos. O Brasil também tem uma indústria local forte no setor de vidros, inclusive exportadora.
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