Geovana Pagel
São Paulo – Além de ter tecnologia de ponta e criatividade para produzir embalagens com qualidade e inovação, o Brasil é produtor das principais matérias-primas necessárias como papel, alumínio, aço e as resinas de petróleo. Das 20 maiores indústrias de embalagens do mundo, 17 têm fábrica no país.
Em 2003, o setor movimentou R$ 23,7 bilhões e espera-se um aumento de 10% no faturamento, que deve alcançar R$ 26 bilhões até o final deste ano.
No ano passado, as exportações de embalagens cresceram 33% em relação ao ano anterior. Passaram de US$ 136 milhões, registrados em 2002, para US$ 180,9 milhões em 2003. "Junta-se tecnologia, matéria-prima e dólar favorável, e o resultado é o aumento das exportações e o crescimento do setor", afirmou Fábio Mestriner, presidente da Associação Brasileira de Embalagens (Abre).
"Nossa indústria, e o setor de design que a complementa, já alcançaram o nível internacional. Nós temos tecnologia, qualidade e inovações capazes de colocar os produtos brasileiros em competição nos mercados mais exigentes. Exportamos embalagens para o mundo todo, principalmente para os países do Mercosul, Estados Unidos, Europa e África", contou Mestriner.
O empresário disse ainda que as indústrias estão sempre em busca de inovações que possam tornar suas embalagens mais eficientes, funcionais e atraentes. Toda vez que uma delas consegue uma solução bem-sucedida, ela conquista maior participação no mercado, obrigando seus concorrentes a se movimentarem para não serem deixados para trás.
"Essa dinâmica tem feito da indústria de embalagem um setor de tecnologia e inovação por excelência, no qual os lançamentos de novas soluções não param de acontecer", garantiu.
Exportando produtos embalados, com maior valor agregado, a indústria da embalagem colabora com o crescimento da economia do país. De acordo com Mestriner, em 2002 a Abre apoiou a formação de um Comitê de Exportação que tem promovido a participação do setor em feiras internacionais. "No ano passado estivemos na África do Sul e na Espanha", contou.
Escrita em árabe
De acordo com o presidente da Abre, os produtos brasileiros embalados também estão ganhando o mundo árabe. "Várias agências especializadas já estão desenvolvendo embalagens específicas, com escrita em árabe", afirmou.
A agência paulista Packing, especializada em design de embalagens, já desenvolveu lay-outs específicos para clientes que estavam iniciando suas vendas para os países árabes, como a Marilan Biscoitos e a Sucos Del Valle.
O diretor de operações da Packing, José Arnaldo Mota, contou que a questão do idioma foi a maior preocupação da equipe que desenvolveu as embalagens. "Tivemos que terceirizar a tradução do texto em português para o árabe e tivemos o cuidado para que o tradutor acompanhasse o trabalho de diagramação do texto no lay-out final", explicou.
A agência também se preocupou em escolher um tradutor que já havia morado no Oriente Médio, conhecia detalhes da cultura árabe e tinha condições de dar dicas sobre hábitos e costumes locais.
O exemplo da Marilan
Exemplos bem-sucedidos de exportação de produtos com design de embalagem exclusivo abrem novas perspectivas para as empresas brasileiras. As exportações da fábrica de biscoitos Marilan para o Oriente Médio aumentaram 1.000% em seis meses. As vendas para os Emirados Árabes Unidos, Líbano, Iêmen, Argélia e Líbia, iniciadas em fevereiro deste ano, saltaram de um contêiner por mês para os atuais 10 contêineres por mês.
De acordo com José Eduardo Casarin, gerente de comércio exterior da Marilan, uma das principais exigências do mercado árabe estava relacionada à língua. "Tivemos que adotar uma etiqueta em árabe com todas as informações do produto impressas na embalagem que levou cerca de dois meses para ser desenvolvida", explicou.
Casarin contou que, além da exigência quanto à qualidade do produto, como também acontece nos países da União Européia e Canadá, os árabes são muito rigorosos na questão do preço, pois existem fornecedores muito competitivos e alguns até com vantagens logísticas.
Segundo ele, as vendas para a região estão sendo feitas por meio de importadores e distribuidores locais e aumentaram muito além do esperado. "Sinceramente não tínhamos expectativa de que as vendas para o Oriente Médio fossem crescer tanto em tão pouco tempo. Estimamos alcançar um crescimento anual de cerca de 20%", disse.
Do faturamento anual da Marilan, o volume global das exportações corresponde a 2,5%. E foram exatamente as exportações que possibilitaram a contratação de 200 empregados em 2003 e o aumento da produção em 30%. Atualmente são 6 mil toneladas de biscoitos produzidas a cada mês.
A empresa
Com 46 anos de existência, a Marilan está entre as quatro maiores fabricantes de biscoitos do Brasil. Produz mais de 70 produtos, incluindo biscoitos doces, recheados, salgados, cobertos com chocolate e torradas.
Além da matriz, em Marília, no interior de São Paulo, a indústria possui três filiais com depósito e estrutura própria para entregas: A filial Belém (PA), a filial Vitória da Conquista (BA) e a filial Recife (PE). A empresa emprega 1,3 mil funcionários diretos e 300 terceirizados.
Contatos
Associação Brasileira de Embalagem
www.abre.org.br
Marilan
www.marilan.com