São Paulo – A Embraer, fabricante brasileira de aviões, poderá atuar também no ramo de energia. Assembléia de acionistas realizada recentemente aprovou mudanças nos objetivos sociais da empresa, que passaram a incluir as áreas de energia e segurança, além do setor aeronáutico.
O presidente da companhia, Frederico Fleury Curado, disse nesta terça-feira (14) que uma primeira área de atuação pode ser a de turbinas eólicas. “É uma disciplina semelhante à nossa competência, é uma indústria jovem – tem 25 anos -, e é uma tecnologia ainda não super madura”, afirmou ele, após almoço de final de ano com jornalistas, em São Paulo.
O executivo ressaltou, porém, que a alteração nos objetivos sociais não obriga à realização de novos negócios, mas permite à empresa analisar oportunidades em potencial. Curado acrescentou que as opções na área de energia deverão ser analisadas em médio prazo.
Ele destacou que, em primeiro lugar, é preciso definir exatamente em que segmento será feito o investimento, estudar quem são os clientes e verificar o que a companhia pode oferecer de novo. A ideia, de acordo com Curado, é iniciar um projeto “com perspectivas claras de retorno”.
A alteração do estatuto, porém, já gerou um efeito prático, que foi a criação de uma unidade exclusivamente voltada para as áreas de segurança e defesa. O presidente dessa divisão e vice-presidente financeiro da Embraer, Luiz Carlos Aguiar, afirmou que a meta estabelecida é ampliar a participação do segmento no faturamento da empresa dos atuais 10% para 20% até 2015.
Nesse sentido, além da comercialização de aviões já existentes, como o Super Tucano, turboélice de treinamento e ataque leve, e os jatos de vigilância baseados no modelo comercial ERJ 145, a companhia investe no desenvolvimento do cargueiro militar KC-390.
A principal novidade, no entanto, é a busca de negócios fora do ramo aeronáutico, especialmente na área de sistemas informatizados de segurança. Aguiar citou como exemplo a venda ao México de aviões de vigilância aérea, que incluiu a montagem da base de monitoramento e controle não só das aeronaves, mas de radares e outros equipamentos terrestres.
“Nós fizemos a liderança do contrato e subcontratamos os fornecedores dos equipamentos”, declarou Aguiar, ressaltando que o papel da Embraer nesse caso foi desenvolver softwares e fazer a integração dos sistemas.
Ele acrescentou que esse setor oferece oportunidades inclusive no Brasil, que precisa reforçar seus sistemas de vigilância de fronteiras terrestres e marítimas. “Isso tudo vai criar oportunidades para empresas que se candidatarem a liderar sistemas como esses”, declarou Aguiar.
Resultados
Sobre o desempenho da companhia em 2010, Curado afirmou que foram atingidos os resultados previstos e que faturamento no final do ano deverá chegar a US$ 5,25 bilhões. Ele acrescentou que o ano foi de retomada, após a crise financeira internacional, e que 2011 ainda será um período de recuperação, mas que o volume de investimentos foi mantido. “Temos uma visão positiva para o futuro”, disse.
O receio de não receber novas encomendas por causa da situação econômica internacional parece ter passado. O presidente da companhia afirmou que mais de 80 aviões comerciais devem ser entregues no próximo ano. “Assim que o mercado começou a se recuperar eles (os clientes) foram demandando”, ressaltou.
Nessa seara, Curado disse à ANBA que o Oriente Médio continua a crescer. “É uma região que cada vez mais aumenta sua presença no mundo, e não só no nosso mercado”, destacou.
Ele acrescentou que a economia da região permaneceu forte, apesar da crise, e que o preço do petróleo, principal fonte de renda de vários países do Oriente Médio, embora tenha caído, continua em um bom patamar.