Emirates News Agency*
Dubai – O vice-presidente e primeiro-ministro dos Emirados Árabes Unidos, Mohammed bin Rashid Al Maktoum, anunciou esta semana uma resolução ministerial eliminando as tarifas alfandegárias sobre a importação de cimento e aço reforçado em todo o país. A taxa praticada era de 5% para os dois materiais, segundo o site do jornal de negócios Business 24/7, dos Emirados.
A medida, que entrou em vigor imediatamente, tem como objetivo estabilizar o mercado imobiliário local, manter o boom da construção no país e reduzir a carga tributária para empreiteiras, construtoras, proprietários e inquilinos.
O preço da tonelada de cimento nos Emirados, que era de US$ 87 no início do ano, ultrapassava os US$ 135 na semana passada, de acordo com o site árabe de notícias MENA Report. A causa principal do aumento é a inflação, estimada em 10% ao ano no país árabe, segundo o jornal Gulf News, de Dubai. O consumo anual de cimento nos Emirados subiu de 2,6 milhões de toneladas em 1992 para 17 milhões de toneladas em 2007, diz a reportagem do Business 24/7.
Já o preço da tonelada do aço passou de 1.983 dirhams (US$ 540) em 2004 para até 4 mil dirhams (US$ 1.089) em 2008. Representantes do setor afirmam que a demanda por aço no Oriente Médio deve subir de 70 milhões de toneladas em 2007 para cerca de 90 milhões de toneladas em 2010, ainda segundo o Business 24/7.
O Brasil não exporta cimento para os Emirados. No entanto, vergalhões de ferro e aço estão atualmente na quinta posição na pauta de exportações, sendo que nos dois primeiros meses deste ano os embarques renderam US$ 9,2 milhões num total de 19,1 mil toneladas, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. As vendas do produto brasileiro ao país árabe, que diminuíram em 2007, voltaram a crescer fortemente no início de 2008.
Médio e longo prazo
No curto prazo, representantes dos setores de construção e imobiliário acreditam que a eliminação das tarifas de importação não deverá reduzir os custos. Noventa por cento do cimento usado nos Emirados é produzido no próprio país, de acordo com Riad Kamal, CEO da companhia Arabtec Holding, construtora de Dubai. Todo o aço usado em obras nos Emirados é importado, mas o custo do material representa apenas 10% do custo total de um edifício, segundo ele.
Assim, a eliminação das tarifas alfandegárias não deverá influir nos preços de imediato, disse Kamal. No médio e longo prazo, no entanto, o corte pode "incentivar os consumidores a buscar o mercado internacional", afirmou o CEO da Arabtec, "e desse modo forçar os fabricantes domésticos a reduzir os preços".
Para Majid Azzam, analista do banco HSBC, o fim da tarifa de importação para cimento e aço não deverá afetar significativamente o custo total dos projetos de construção. Em sua avaliação, os dois materiais contribuem 14% cada para o custo total das obras; sendo que encanamento, instalações eletromecânicas e acabamento de interiores representam 60% do custo, segundo relatório publicado pelo HSBC em 20 de fevereiro deste ano.
Behrouz Javaheri, presidente da companhia imobiliária Saba Real Estate, discorda: "A eliminação da tarifa vai ajudar a reduzir os custos de construção. A medida do governo deve aliviar a pressão inflacionária, até certo ponto. No entanto, há uma demanda urgente por mais empreiteiras estrangeiras, uma vez que temos um pool de recursos limitado e uma quantidade imensa de projetos", afirmou Javaheri.
Aço
"A medida deverá gerar uma vantagem psicológica para as empreiteiras. Agora, fabricantes e intermediários sabem que o governo vai intervir para estabilizar os preços. O fim das tarifas também deve abrir as portas para importações de grandes quantidades de material, o que pode afetar os preços no médio prazo", disse Imad Al Jamal, representante da associação de empreiteiras UAE Contractors Association, referindo-se ao aço utilizado em construções.
Os Emirados importam mais de 6 milhões de toneladas de aço por ano. O Porto de Jebel Ali é o maior centro de importação de vergalhões de aço do mundo. Para Sajan, as principais causas para o aumento no custo do aço no país são a alta demanda e a escassez do produto, o que resultou no aumento do preço. "O aumento no custo do frete e o enfraquecimento do dólar também contribuíram para a flutuação", afirmou.
Ainda assim, de acordo com projeção da empresa de consultoria especializada MEPS, a produção mundial de aço, que foi de 1,344 bilhões de toneladas em 2007, deverá chegar a 1,42 bilhões de toneladas em 2008, um aumento de 5,7%.
*Tradução de Gabriel Pomerancblum com informações da redação da ANBA e agências