São Paulo – As exportações brasileiras de frango ao Egito cresceram, em volume, 119% no primeiro trimestre deste ano na comparação com o mesmo período de 2010, apesar da crise política que se estabeleceu no país no início deste ano. A informação é da União Brasileira de Avicultura (Ubabef), e foi divulgada nesta quinta-feira (14) durante entrevista coletiva, na sede da entidade, em São Paulo.
“O Egito está sofrendo uma crise política, mas não houve nenhuma diferença muito grande em relação ao normal da importação deles”, afirmou Ricardo Santin, diretor de Mercados da Entidade. “No ano passado, eles importaram 120 mil toneladas [de frango], e o Egito tem uma certa sazonalidade de importação, em um mês ele importa 11 mil [toneladas], no outro, sete mil, e continua neste mesmo procedimento. Felizmente, não sentimos nenhum efeito específico do Egito”, esclareceu o executivo.
Em volume, o Egito importou 16,4 mil toneladas de frango do Brasil, no período de janeiro a março deste ano, enquanto no mesmo período de 2010, as importações foram de 7,48 mil toneladas.
Já a receita apresentou um crescimento ainda maior, de acordo com números da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, o faturamento com a venda de carne de frango para o Egito gerou US$ 30,51 milhões no primeiro trimestre de 2011, frente a US$ 11,02 milhões nos três primeiros meses de 2010, um aumento de 176,83%.
O Oriente Médio se manteve como o maior mercado importador do frango brasileiro neste primeiro trimestre, com 39% das compras da ave; ante 27% da Ásia, segundo maior mercado; e da África e União Européia, ambas com 12%. Os embarques de frango para a região somaram 361,8 mil toneladas, uma alta de 13,8% diante do primeiro trimestre de 2010. A receita apresentou um aumento de 36,2%, alcançando US$ 673 milhões.
A Arábia Saudita ocupou a primeira posição entre todos os países, com um volume importado de 139,08 toneladas. Os Emirados Árabes Unidos ficaram com a quinta posição, importando 60,47 toneladas; e o Kuwait logo em seguida, com a compra de 53,63 toneladas. “O cenário do mundo para alimentos está muito bom. Há uma boa demanda, principalmente em países em desenvolvimento”, destacou Francisco Turra, presidente da Ubabef, durante o evento.
Santin apontou ainda a realização de ações específicas para promover o frango brasileiro nos países árabes. “A gente participa da Gulfood (feira em Dubai), e estivemos lá este ano. Também fizemos ações específicas, como uma revista que escrevemos sobre o frango brasileiro toda em árabe, falando do mercado halal. Estamos tentando também fazer um manual de produção de ovos que atenda aos preceitos halal”, detalhou o diretor.
No total, as vendas externas no primeiro trimestre deste ano somaram 973 mil toneladas, um aumento de 7,7% ante o mesmo período do ano passado. A receita do período foi de US$ 1,98 bilhão, um aumento de 23,6%. Os números incluem as exportações das carnes de frango, peru, pato, ganso e outras aves, além de material genético e ovos. Se considerada somente a carne de frango, o volume embarcado no trimestre foi 933 mil toneladas, um aumento de 10,1% em relação ao mesmo período de 2010. Sobre a receita, as exportações alcançaram US$ 1,86 bilhão, um aumento de 28,3%.
O Oriente Médio também se destacou na compra de carne de pato, ganso e outras aves. A região importou 87 toneladas nos três primeiros meses deste ano, ficando atrás somente da Ásia, que comprou 255 toneladas. Os Emirados Árabes Unidos foram responsáveis pela compra de 34,3 toneladas destas aves.
O presidente da Ubabef anunciou que a expectativa para as exportações da carne de frango para 2011 é de um crescimento de 3% a 5% em relação ao ano passado. No entanto, ele reclamou da alta valorização do real frente ao dólar, fator prejudicial às exportações e à competitividade do setor. “É um estrago que a política cambial está fazendo numa hora indevida, porque há uma grande demanda [pelo frango brasileiro no mercado mundial]”, ressaltou.
“Esperamos que o governo tenha algumas ações específicas, como redução do preço do milho, e que o dólar comece a se estabilizar em patamares um pouco maiores”, apontou Santin. “Ou então, os setores que são especificamente afetados, como o nosso, no qual já há ameaça de desemprego, que o governo dê alguma outra maneira de isenção tributária ou de desoneração, que possa manter o setor competitivo no mundo”, acrescentou.

