Giuliana Napolitano
São Paulo – As exportações brasileiras atingiram volume recorde em março e levaram o governo a elevar a meta de negócios para este ano. Logo após a divulgação dos números do mês passado, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, anunciou esperar que as vendas externas cresçam cerca de 12% em relação a 2003 e cheguem a US$ 82 bilhões até dezembro. A previsão anterior era de US$ 80 bilhões.
Furlan explicou que o aumento da meta é resultado do desempenho recorde da balança comercial em março. "(Os dados) nos autorizam a elevar a meta", declarou, em discurso durante inauguração de fábrica da Nestlé no interior de São Paulo. Segundo ele, pela primeira vez na história, a corrente de comércio do país (soma das exportações e das importações) passou dos US$ 13 bilhões "num único mês" – em março, chegou a US$ 13,252 bilhões.
Além disso, afirmou o ministro, o resultado das exportações, de US$ 7,927 bilhões, também foi recorde para um mês: superou a marca anterior, de US$ US$ 7,566 bilhões, registrada em outubro de 2003. O volume de março representa crescimento de 25% em relação ao mesmo mês do ano passado, pelo critério de média diária.
Oriente Médio
Contribuiu para o crescimento das exportações os negócios com o Oriente Médio. As vendas para a região subiram 70,7% no mês passado, frente a março de 2003, para US$ 314 milhões, de acordo com informações divulgadas ontem (1) pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento.
Foi a segunda maior alta entre os mercados de destino dos produtos brasileiros. O maior aumento foi registrado nos embarques para a Europa Oriental, que tiveram elevação de 117,3%, para US$ 292 milhões. O que confirma tendência de expansão dos negócios para regiões pouco tradicionais no comércio exterior brasileiros.
No ranking de países, a Líbia figura entre as nações que mais ampliaram as importações do Brasil: em março, sobre fevereiro, a alta foi de 285%. Também fazem parte da lista países como a Etiópia (aumento de 773%), Moçambique (543%), Polônia (299%), Croácia (238%) e Coréia do Norte (138%).
Argentina lidera alta no ano
No acumulado do ano, até 31 de março, as exportações brasileiras já estão em US$ 19,448 bilhões, um aumento de 27,2% ante o resultado apurado no mesmo período de 2003, pelo critério de média diária. Para o Oriente Médio, as vendas subiram 10,5%. Nessa base de comparação, a maior alta foi registrada nos negócios com o Mercosul, de 84%, para US$ 1,844 bilhão, puxada pelo desempenho da Argentina, que ampliou em 88% as compras do Brasil, para US$ 1,499 bilhão.
A Secex ainda não divulgou os dados detalhados dos volumes exportados para cada país. Esses números devem ser anunciados em 15 dias. Por isso, não há informações sobre o total de comércio entre o Brasil e o mercado árabe, que engloba Oriente Médio e Norte da África.
Importações: ritmo mais lento
As importações também cresceram neste ano, mas num ritmo menor, comportamento que vem sendo observado há meses. Em março, alta foi de 18,8% em relação ao mesmo mês de 2003, para US$ 5,325 bilhões. Segundo Furlan, o resultado "ficou próximo do recorde mensal". No acumulado do ano, as compras externas cresceram 16,2%, para US$ 13,278 bilhões, sempre pelo critério de média diária.
Apesar do aumento, analistas acreditam que a expansão das importações pode ser menor do que foi previsto anteriormente. Ainda ontem, a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), por exemplo, diminuiu de US$ 55 bilhões para US$ 53 bilhões a previsão para as receitas geradas com as compras externas neste ano.
O governo espera mais. No início do ano, o secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Ivan Ramalho, afirmou que as importações podem subir 20% neste ano, para cerca de US$ 58 bilhões. Se confirmado, o volume seria o maior desde 1997: no auge da valorização do real, o Brasil comprou do exterior US$ 59,7 bilhões. De lá para cá, os negócios caíram e chegaram ao menor nível em 2002, de US$ 47,2 bilhões.
Serviço
As informações completas da balança comercial podem ser acessadas no site do Ministério do Desenvolvimento: www.mdic.gov.br