Da redação
São Paulo – A Tunísia vai sediar entre os dias 30 de março e 2 de abril do próximo ano uma feira internacional de tecnologias da informação e de comunicações, a Intec, organizada por uma empresa chamada Promo Tunisia em associação com o Ministério da Tecnologia, Comunicações e Transportes tunisiano. O evento vai ocorrer alguns meses antes da segunda fase da Cúpula Mundial sobre a Sociedade da Informação que será realizada em Túnis, capital do país.
Da feira vão participar os segmentos de equipamentos de telecomunicações (telefonia, televisão, rádio, transmissão via satélite, GPS, etc); computadores e equipamentos de escritório, incluindo aí sistemas de rede; radares para controle de velocidade, vigilância e controle de tráfego aéreo; componentes eletrônicos e fibras óticas.
De acordo com informações da Promo Tunisia, o evento deve atrair principalmente visitantes da região do Mediterrâneo, do Oriente Médio e do Extremo Oriente. A empresa está alugando espaços para estandes, cujos preços variam de US$ 150 o metro quadrado, para um espaço simples, a US$ 220 o metro quadrado, para o local já equipado. O prazo para as inscrições vai até o dia 31 de maio.
Cúpula
Em novembro de 2005, o país vai sediar a segunda parte da Cúpula Mundial sobre a Sociedade da Informação, que teve início em Genebra, na Suíça, em dezembro de 2003, organizada pela União Internacional de Telecomunicações (ITU, da sigla em inglês), órgão da Organização das Nações Unidas (ONU). Do evento participaram delegados de 176 países, entre chefes de estado e de governo, ministros e outras autoridades.
Um dos principais objetivos da cúpula é desenvolver ações para promover a inclusão digital e o acesso a tecnologias de informática, telefonia, internet, rádio, TV etc. Na reunião em Genebra foi elaborada uma Declaração de Princípios em que os participantes se comprometeram a “construir uma sociedade da informação centrada nas pessoas, inclusiva e orientada ao desenvolvimento, onde todos possam criar, acessar e trocar informações e conhecimento, permitindo aos indivíduos, comunidades e povos alcançar todo o seu potencial em promover seu desenvolvimento sustentável e aumentar sua qualidade de vida, baseada nos propósitos e princípios da Carta das Nações Unidas e respeitando a Declaração Universal dos Direitos do Homem”.
O principal desafio dessa sociedade da informação, de acordo com o texto, é “utilizar o potencial das tecnologias da informação e das comunicações para promover as metas de desenvolvimento da Declaração do Milênio, como a erradicação da extrema pobreza e fome, a universalização da educação primária, promover a igualdade entre homens e mulheres, a redução da mortalidade infantil, elevar o padrão de saúde maternal, combater o vírus HIV e a AIDS, a malária e outras doenças, assegurar a sustentabilidade do meio ambiente e desenvolver parcerias globais para o desenvolvimento de um mundo mais pacífico justo e próspero”.
Plano de Ações
Do encontro na Suíça nasceu também um Plano de Ações para implementar os princípios acordados. Este documento lista metas a serem atingidas até 2005, como conectar às tecnologias da informação e comunicações (ICTs, da sigla em inglês) os povoados e estabelecer pontos de acesso comunitários; conectar as universidades, escolas secundárias e primárias; os centros científicos e de pesquisas; as bibliotecas públicas, centros culturais, museus, agências dos correios e arquivos; os centros de saúde e hospitais; conectar todos os departamentos de governos centrais e locais e estabelecer para estes sites na internet e endereços de e-mail; adaptar os currículos das escolas aos desafios da sociedade da informação; assegurar que toda a população do mundo tenha acesso ao rádio e à TV; encorajar o desenvolvimento de conteúdo e criar condições técnicas para facilitar a presença e o uso de todos os idiomas na internet; e assegurar que mais da metade da população mundial tenha acesso às ICTs.
Para alcançar esses objetivos, o texto estabelece várias ações que devem ser tomadas por governos, iniciativa privada, organizações da sociedade civil e entidades internacionais, algumas para serem apresentadas até 2005 na reunião de Tunis. Entre elas estão o desenvolvimento de estratégias nacionais para o setor e a criação de pelo menos uma parceria público-privada ligada ao segmento em cada país participante.
Nesta data também, as instituições internacionais e financeiras “relevantes” deverão apresentar suas próprias estratégias para o uso das tecnologias da informação e comunicações para o desenvolvimento sustentado.
O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, ficou encarregado de montar um grupo de trabalho sobre a “governança na internet” para apresentar propostas de ações no evento do próximo ano. Foi também estabelecida uma “agenda de solidariedade digital” com o objetivo de criar as condições para “mobilizar os recursos humanos, financeiros e tecnológicos a favor da inclusão de todos os homens e mulheres na emergente sociedade da informação”.
Apesar da lista de princípios e ações discutida em Genebra, os organizadores da cúpula afirmam que ela é apenas o começo de um processo longo e complexo.
Reunião prepatória
Ainda no primeiro semestre de 2004 deverá ser realizada uma reunião preparatória para a cúpula de Tunis, para avaliar o andamento das diretrizes acordadas no primeiro encontro e estabelecer a pauta para o segundo. O Brasil poderá sediar uma conferência sobre o assunto este ano, segundo informou reportagem publicada em dezembro pelo jornal O Estado de S. Paulo.
Na avaliação do embaixador da Tunísia em Brasília, Hassine Bouzid, o Brasil terá um papel importante na reunião de Tunis. “O setor de tecnologias da informação é muito importante para o Brasil e o país participou de todas as reuniões preparatórias para o encontro de Genebra e vai participar das para a cúpula de Tunis”, afirmou Bouzid à ANBA.
A definição da pauta de Tunis, no entanto, já começou. Uma reunião informal sobre o assunto foi realizada na Tunísia no início do mês.
Perfil
A Tunísia está localizada no norte da África, na costa do Mediterrâneo. Segundo informações da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, o país tem uma população de 9,8 milhões de pessoa e seu Produto Interno Bruto (PIB), registrado em 2003, é de US$ 24,8 bilhões.
As principais indústrias tunisianas são a têxtil e a de alimentos. No ano passado o Brasil exportou para a Tunísia o equivalente a US$ 56,3 milhões, os principais itens da pauta foram o açúcar, óleo de soja, chassis de automóveis, tratores e café. As importações somaram US$ 42,3 milhões e as principais mercadorias compradas pelo Brasil foram produtos químicos para a fabricação de fertilizantes.
A Tunísia tem ainda um acordo de livre comércio com a União Européia para produtos industrializados produzidos no país. De acordo com Ali Chaouch, secretário-geral do partido do governo tunisiano, que esteve no Brasil no final de 2003, tal acordo permite, por exemplo, que empresas brasileiras montem fábricas na Tunísia para “reexportar” para a Europa gozando de vantagens tarifárias.
Contatos
Intec
Promo Tunisia
Tel: (00–216 + 71) 58-4364
Fax: (00–216 + 71) 58-4355
e-mail: info@promotunisia.com.tn
Cúpula Mundial sobre a Sociedade da Informação
União Internacional de Telecomunicações
www.itu.int
Site da cúpula
www.itu.int/wsis/
Site da cúpula na Tunísia
www.smsitunis2005.org