Marina Sarruf
e Randa Achmawi
São Paulo e Cairo – Os contatos feitos entre empresários brasileiros e árabes durante a Feira Internacional do Cairo, que termina nesta terça-feira (28) no Egito, devem gerar US$ 15 milhões em negócios nos próximos 12 meses. "Isso só para os setores de carne e laticínios", afirmou o secretário-geral da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Michel Alaby, que esteve na mostra. A feira começou no dia 19.
"Nossa maior preocupação desta vez foi estabelecer uma melhor comunicação com os nossos compradores", disse o diretor-executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Antonio Jorge Camardelli, que participou do evento.
Durante a feira, Alaby teve encontros com empresários e com o presidente do Sindicato de Importadores de Carnes do Egito, Alaa Radwan, junto com Camardelli e o gerente-executivo da Federação das Associações Islâmicas do Brasil (Fambras), Mohamed El Zoghbi. Na reunião ficou decidido que a Abiec fará um catálogo explicando os padrões de corte da carne brasileira e as normas sanitárias comuns entre todas as plantas frigoríficas, para melhorar a qualidade do trabalho conjunto.
Até o ano passado, o Egito era o maior importador da carne brasileira, por isso há uma preocupação em esclarecer as normas de qualidade e padrões de corte para os importadores árabes. Para Camardelli, a relação com o Egito está entrando em uma nova etapa, que é a de criação de joint-ventures. "Não queremos só vender para o Egito e o mundo árabe. Nossa intenção agora é mostrar que podemos ser parceiros. Alguns empresários já estão tentando viabilizar negócios onde a matéria-prima possa ser industrializada aqui. Seria uma parceria onde todo mundo ganha", afirmou. Ele acrescentou que o site da Abiec na internet terá uma versão em árabe.
Leite
A avaliação do representante da Tangará, Arlindo Curzi Júnior, também é positiva. A empresa produz leite em pó. "Terminamos com o saldo bastante positivo de 60 contatos sérios, dentre os quais os grandes players do mercado do leite egípcio. E por isso esperamos dentre em pouco estar com um bom parceiro definitivo para o nosso produto", disse. A Tangará tem perspectiva de fechar negócio com uma das maiores produtoras de laticínios do Egito.
A Starret, fabricante de serras, também considera que realizou seu objetivo, que era conhecer melhor o mercado. "Neste sentido acredito que nossa compreensão desta região melhorou de maneira fundamental. E isto terá um efeito bastante positivo daqui para frente, não somente em nossas relações com os egípcios, mas também com outros países árabes com os quais esperamos trabalhar no futuro próximo", disse Sérgio Teisen, representante da empresa que esteve na feira. A Starret conseguiu um agente que vai distribuir seus produtos no Egito.
Entre os visitantes que passaram pelo estande da Câmara Árabe estavam libaneses, tunisianos, palestinos, sudaneses, além dos egípcios. A Feira Internacional do Cairo recebe em média 1,5 milhão de visitantes.
Alaby também teve encontros com o secretário-geral adjunto para assuntos políticos da Liga Árabe, Ahmed Ben Helli. Um dos temas discutidos foi a reunião da União Geral de Câmaras de Comércio, Indústria e Agricultura dos Países Árabes, que ocorrerá na Arábia Saudita entre 3 e 6 de abril.