São Paulo – A Europa precisa ajudar o mundo árabe a enfrentar os desafios surgidos com a crise política que se instaurou em países do Oriente Médio e Norte da África, após os diversos levantes populares ocorridos na região. O apelo foi levantado nesta quarta-feira (08), durante sessão plenária no primeiro dia do Fórum Econômico Mundial para a Europa e a Ásia Central, que segue até amanhã, em Viena, na Áustria. As informações são da assessoria de comunicação do evento.
“A ajuda é crucial”, afirmou Valdis Zatlers, presidente da Letônia. “A vontade do povo por mudanças foi expressa de uma maneira muito visível. Agora é hora de se construir uma instituição e de se criar uma sociedade civil”, completou. Para o presidente do Banco Central da Tunísia, Mustapha Kamel Nabli, “se não houver um apoio imediato, todo o processo estará em risco”.
Nabli apontou dois paradoxos que atingem seu país após as revoltas populares. O primeiro é que a diferença entre as aspirações sociais e a realidade econômica, fator desencadeante da crise, aumentou em vez de diminuir. O segundo é que as incertezas sobre o que ocorrerá no curto prazo aumentaram, fator que tem afetado o turismo e os investimentos na Tunísia, embora a estabilidade no longo prazo tenha sido reforçada. Segundo o executivo, mesmo com este cenário, seu país não tem recebido muito apoio externo. “O Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial não são suficientes. A Tunísia precisa de um apoio de base mais ampla”, destacou.
Nas últimas semanas, o FMI, o Banco Mundial e o G8, grupo de sete países desenvolvidos mais a Rússia, anunciaram pacotes de ajuda bilionários às nações árabes em crise, especialmente Tunísia e Egito.
Já Khalid Abdulla-Janahi, presidente de honra do fundo de investimentos Vision 3, com sede nos Emirados Árabes Unidos, apontou a necessidade dos demais países árabes em se empenharem para ajudar as nações em crise. “O mundo árabe tem mais de US$ 1 trilhão em ativos de títulos norte-americanos. Por que não investir parte disto localmente?”, questionou. “Apesar das diferenças, nós todos concordamos que o mundo árabe merece viver sem opressão, sem supressão e sem repressão”, enfatizou.
Ahmet M. Oren, CEO da holding turca de comunicação Ihlas, também fez coro ao chamado de ajuda para os países vizinhos. “Precisamos ajudar os jovens que fizeram a revolução acontecer a se tornarem parte do novo sistema.”
Tarik M. Yousef, decano da Dubai School of Government, voltou a falar sobre o papel da Europa na solução da crise do mundo árabe, e citou a Líbia como exemplo. “A Líbia precisa construir suas instituições a partir do nada e vai olhar para a Europa em busca de ajuda.”