Alexandre Rocha
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São Paulo – O governo brasileiro aposta na realização de visitas oficiais e eventos comerciais no mundo árabe para ampliar ainda mais as exportações do agronegócio para a região este ano. “O Oriente Médio é o bloco regional para onde nossas exportações mais cresceram e identificamos a necessidade de uma maior aproximação”, disse em entrevista à ANBA o secretário de Relações Internacionais do Agronegócio do Ministério da Agricultura, Célio Porto.
Além da participação na Gulfood, feira do ramo de alimentos que vai ocorrer em Dubai, onde o ministério terá um estande em parceria com a Câmara de Comércio Árabe Brasileira, o secretário pretende ir à Arábia Saudita no final de fevereiro. Estas serão as primeiras ações de uma série que deve envolver a visita do ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, à região ainda no primeiro semestre. Além disso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deverá ir novamente ao Oriente Médio, no segundo semestre.
De acordo com Porto, Lula deve passar pela Arábia Saudita, Líbano e Irã, que não é um país árabe. Será a terceira viagem do presidente à região desde o início do seu governo. A primeira ocorreu em dezembro de 2003. A visita presidencial, no entanto, não servirá somente para tratar de temas relacionados ao setor agropecuário, mas de diversos assuntos da agenda bilateral. Já Stephanes, que vai tratar só de agronegócio, deverá visitar Arábia Saudita, Irã, Argélia e Egito.
O agronegócio responde por 66% das exportações brasileiras ao mundo árabe. Os embarques do setor para a região renderam US$ 4,6 bilhões no ano passado. No entanto, as vendas estão bastante concentradas em produtos como carne bovina, frango e açúcar, que juntos respondem por cerca de 80% do total comercializado.
Em ações como a Gulfood uma das intenções é também incentivar a ampliação das vendas de outras mercadorias, como lácteos, frutas e café. A maior parte das empresas que vão expor no estande do ministério e da Câmara Árabe é destes três segmentos. Seguem os principais trechos da entrevista com Célio Porto:
ANBA – Por que o ministério decidiu promover estas ações no mundo árabe?
Célio Porto – O Oriente Médio é o bloco regional para onde nossas exportações mais cresceram e identificamos a necessidade de uma maior aproximação.
Por que foi escolhida a Gulfood, em Dubai?
Conversamos com o setor privado, com a Apex (Agência de Promoção das Exportações do Brasil) e com o Itamaraty e ficou claro que os Emirados Árabes Unidos são referência e a feira é um ponto de encontro por excelência para o setor.
Quais outras atividades devem ocorrer este ano com a participação do ministério?
O presidente da República vai para a região este ano. Pela lista preliminar, ele passará por três países pelo menos: Arábia Saudita, Irã e Líbano. O ministro da Agricultura deverá visitar países que estão em nossa lista de prioridades, como Arábia Saudita e Irã, e vai aproveitar também para ir ao Egito e Argélia.
A pauta das exportações do agronegócio para a região é muito concentrada em alguns produtos. Quais outras mercadorias podem ser promovidas?
Creio que os lácteos, as frutas e o café. Algumas commodities que o Brasil é grande exportador, como soja e milho, não têm tanto consumo na região.
O senhor estará na Gulfood?
Vou para Dubai, onde nossas intenções serão econômicas e institucionais. Depois vou à Arábia Saudita, mas para uma missão somente institucional.