São Paulo – Dos números decimais aos instrumentos musicais que descendem do alaúde, a influência árabe é analisada na religião, arquitetura e economia pelo dossiê Árabes no Brasil, da Revista de História da Biblioteca Nacional, já nas bancas. Além disso, por meio do projeto Biblioteca Fazendo História, a publicação promove o debate Árabes no Brasil, na próxima terça-feira, às 16 horas, no Auditório Machado de Assis da Fundaçāo Biblioteca Nacional.
O evento terá como palestrantes o antropólogo Paulo Gabriel Hilu da Rocha Pinto, que é coordenador do Núcleo de Estudos sobre o Oriente Médio (Neom) na Universidade Federal Fluminense, e o historiador Maurício Parada, que é professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).
O historiador irá contextualizar a chegada dos imigrantes árabes ao país, sobretudo nos anos 30 e 40. De acordo com o artigo do historiador, a influência da cultura árabe chegou primeiro ao Brasil com os colonizadores portugueses, que por oito séculos foram dominados pelos mouros, impregnando costumes e até a língua na Península Ibérica. Além disso, Parada abordará os problemas ligados ao mundo árabe da época e os atuais.
Já o antropólogo, que colaborou com a revista com o artigo Toda Forma de Fé, vai explicar os reflexos na espiritualidade dos brasileiros pela convivência com a diversidade religiosa dos imigrantes árabes que desembarcaram no país, principalmente no fim do século 19 e começo do século 20. “Ao contrário do que a maioria das pessoas imagina, existe um pluralismo religioso muito grande entre os imigrantes árabes”, afirma Pinto.
O pesquisador apresenta dados da imigração entre 1908 e 1941, os quais revelam que 65% dos sírios-libaneses que chegaram pelo Porto dos Santos eram maronitas, melquitas e católicos romanos, 20% eram cristãos ortodoxos e 15% muçulmanos. “A diversidade religiosa é imensa. Havia ainda os imigrantes judeus de fala e cultura árabes e os ateus”, destaca.
“O resultado desse contato com a pluralidade é sentido ainda hoje, com o crescimento do número de brasileiros não árabes convertidos ao islamismo, o uso do português nos sermões e a crescente oferta de cursos de idiomas árabes”, afirma Pinto, que realizou sua pesquisa de doutorado sobre o Islã na Síria contemporânea, desde 2003 estuda a comunidade muçulmana no Brasil e está trabalhando no projeto de um livro sobre a imigração árabe no Rio de Janeiro. “Já está em fase de redação e é bem provável que seja publicado até o final do ano”, diz.
O debate, que terá mediação do pesquisador Marcello Scarrone, é gratuito e aberto ao público em geral. A capacidade do auditório é de 150 lugares.
A revista
A Revista de História da Biblioteca Nacional oferece informação qualificada em artigos e matérias produzidos pelos mais importantes historiadores brasileiros. Única em seu segmento editorial especializada em História do Brasil, a revista é distribuída mensalmente nas bancas de todo o país e pode ser assinada. O conteúdo integral de todas as edições também pode ser acessado no endereço http://www.revistadehistoria.com.br.
Serviço
Debate Árabes no Brasil
Data: Terça-feira, dia 27 de julho
Onde: Auditório Machado de Assis da Fundaçāo Biblioteca Nacional – RJ
Horário: 16 horas