Geovana Pagel
São Paulo – A Renar Maçãs, de Santa Catarina, começa a colher os primeiros frutos da participação em feiras e missões ao mercado árabe. A Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos acabaram de enviar pedidos de cotação para a empresa, que planeja iniciar as exportações para a região no começo da próxima safra, em janeiro de 2006. Segundo o presidente da companhia, Roland Brandes, a venda inicial será de cerca de 1 mil toneladas, equivalente a US$ 500 mil.
De acordo com Brandes, este foi o segundo ano da participação da Renar na Saudi Food, feira realizada em maio, na Arábia Saudita. “A feira foi muito boa e observamos um crescimento da participação dos supermercados, que também estão mais organizados e mais fortes. Como este é o nosso foco concluímos que há uma grande oportunidade de negócios”, avalia o empresário.
Segundo ele, as expectativas em relação ao mercado árabe são muito positivas. Ele afirma, porém, que é preciso fechar as primeiras vendas de fato para avaliar melhor os resultados e o potencial para novos contratos. Brandes ressalta o bom nível de qualidade da fruta nacional como atrativo para o fechamento de novos negócios.
"As maçãs brasileiras das variedades Royal Gala e Fuji são a cada ano mais procuradas por outros continentes, isto devido à qualidade e principalmente ao sabor, que é incomparável”, garante.
Todas as vendas externas da Renar são feitas diretamente pelo setor comercial da empresa, sem intermediários. E não será diferente com o mercado árabe. A empresa produz cerca de 40 mil toneladas da fruta por ano, metade é exportada, garantindo uma receita de cerca de US$ 10 milhões. Os países da União Européia, Ásia e Estados Unidos são os principais compradores.
Fundada em 1962, a Renar gera 700 empregos diretos, cerca de 2.200 indiretos e está constantemente investindo na renovação e modernização dos 900 pomares próprios.
Abertura de capital
Em fevereiro deste ano, a Renar estreou na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A intenção, com a abertura de capital, segundo Brandes, foi emitir 10 milhões de ações ordinárias e captar R$ 16 milhões. Metade do dinheiro está sendo investido justamente no aumento das exportações.
"A Renar está aumentando o volume de exportação ano a ano e acreditamos que para o próximo ano não será diferente", aposta. As exportações deste ano significaram um crescimento de 50% sobre o ano anterior, quando foram vendidas 10 mil toneladas de maçãs no mercado internacional.
Na avaliação de Brandes, a quebra na safra de maçã ocorrida neste ano em razão da seca no sul não deve afetar muito os resultados das vendas externas do setor, que representam apenas 10% da produção nacional.
Em expansão
Com o ingresso em novos mercados e a expansão das vendas para compradores tradicionais, as exportações brasileiras de frutas devem chegar a US$ 444 milhões em 2005. O crescimento será de 20% em relação ao ano passado.
De acordo com estimativas do Instituto Brasileiro de Frutas (Ibraf), até o final década o Brasil terá receita anual entre US$ 1 bilhão e US$ 1,2 bilhão com exportações de fruta in natura.
A previsão do instituto tem como base a conquista de novos mercados, como países asiáticos e árabes. Além disso, as vendas de frutas para mercados tradicionais como os países da União Européia também têm aumentado.
Vale lembrar que no início desse ano o país exportou pela primeira vez mangas do tipo Tomy para o Japão. A previsão do Ibraf é de que até o final do ano venda da fruta para o mercado japonês ultrapasse 6 mil toneladas.